GER Campos Melo promove
colóquio
"Somos
uma sociedade de fazer alcoólicos"
Por
Cláudia Cardoso
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O salão
de festas do Grupo de Educação e Recreio Campos
Melo (GER) recebeu, na passada sexta-feira, dia 16 de Março,
um colóquio sobre alcoolismo. Uma plateia constituída
por alcoólicos recuperados e familiares discutiu as consequências
físicas e sociais do consumo do álcool.
O Centro de
Alcoólicos Recuperados da Cova da Beira tem vindo a empenhar-se
na luta contra o alcoolismo. Presta apoio aos doentes e suas
famílias, quer na fase de tratamento, quer na reinserção
social dos recuperados. Consciente de que a luta também
passa pela informação, José Manuel Amarelo,
presidente do centro, agradeceu a oportunidade dada pelo GER
Campos Melo para a realização do colóquio.
Eugénia Calvário, coordenadora distrital de alcoologia,
apresentou as consequências do consumo de álcool,
que a nível físico passam por doenças tão
variadas como tumores no aparelho digestivo, cirrose e diabetes,
afectando ainda a parte muscular e o sistema nervoso.
O álcool é também causa de inúmeros
divórcios e acidentes de trabalho e viação.
Envolve todos os cidadãos. "Cada vez mais, o álcool
afecta todos e não escolhe profissão, estatuto
ou classe social", diz Carlos Brito, presidente do Centro
de Alcoólicos Recuperados Distrito da Guarda.
Alcoólico recuperado há 21 anos, afirma conhecer
bem o álcool e culpabiliza a sociedade pelo problema do
alcoolismo. "Somos uma sociedade de fazer alcoólicos.
Toda a gente convida. Não há nada que se faça
sem ir beber um copo: casamentos, baptizados, Natal ou um negócio
que corre bem", explica.
Segundo Eugénia Calvário, a solução
passa pela formação e informação.
"É necessário combater ideias estabelecidas
mas que não são verdadeiras como: o álcool
alimenta, mata a sede, aquece ou dá força".
O álcool
na adolescência
A ingestão de álcool, desde que em pequenas quantidades,
é permitida a adultos saudáveis. O mesmo não
se passa com mulheres grávidas ou a amamentar, já
que estão a sujeitar a criança aos malefícios
do álcool. "Os idosos também devem ter cautela
porque já têm outras doenças", aponta.
"Pessoas com menos de 17 anos não devem beber",
diz a coordenadora Eugénia Calvário, defendendo
que o organismo nesta idade "não tem capacidade para
degradar o álcool. A ingestão de bebidas alcoólicas
pelos jovens pode causar lesões graves e traumas irreversíveis",
salienta.
A variada oferta, a própria publicidade de bebidas alcoólicas,
muito apelativa, e a existência de casos de consumo na
família são apontadas, por Eugénia Calvário,
como a principais causas do elevado consumo de álcool
que se regista entre os jovens.
Para Carlos Brito, a solução reside num combate
conjunto: escola e pais, apoiados por técnicos e profissionais
de saúde, devem unir-se no apoio e esclarecimento dos
jovens.
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