António Fidalgo

 

 

 

 


24 horas, todo o ano

Uma universidade deveria estar aberta as 24 horas do dia, os sete dias da semana, de todas as semanas do ano. A universidade não pode ser encarada como uma repartição pública, aberta das nove ás cinco e meia, mas como uma comunidade em que se cuida e se procura o saber e a sua transmissão às novas gerações.
O espírito universitário é de dedicação à investigação e ao ensino. São qualidades que não andam ao ritmo das horas ou dos dias da semana. Um professor universitário, se o é, não deixa de o ser quando deixa a universidade, mas traz sempre consigo a preocupação de saber colocar as questões certas e de lhes dar a resposta correcta. Por sua vez, um aluno universitário não pode limitar-se às aulas, mas tem de entrar no espírito total de entrega ao saber. Há por certo uma certa loucura na dedicação total à universidade, ao ensino e à investigação, mas justamente essa dedicação total distingue um professor por vocação de um que o é por mero ofício.
A UBI inicia um processo de ficar aberta até à meia noite para os alunos, que os docentes já têm acesso as 24 horas do dia, os 365 dias do ano. Não é nada de especial que outras universidades estrangeiras e nacionais não façam. É um passo dado na direcção certa. Os alunos têm de se habituar a viver a universidade não apenas nas aulas, mas nos laboratórios, nas bibliotecas, nas salas de computadores. Muito do saber universitário adquire-se por osmose, pelo contacto permanente com quem já tem ou procura também adquirir conhecimentos numa determinada área. É a conjugação de interesses que permite que haja um incremento significativo no saber.
Por outro lado, sendo os equipamentos laboratoriais e informáticos equipamentos caros, não se compreenderia que não fossem rentabilizados ao máximo. Um equipamento que fica sem utilização é dinheiro pura e simplesmente mal gasto, deitado ao lixo. Ao fim de dois anos os computadores são pouco mais que sucata e se não houve uma utilização intensiva dos mesmos, então não se aproveitaram bem os recursos que o Estado coloca à disposição da comunidade académica. Por tudo isso, pelas pessoas primeiro, e depois pela brevidade de vida do equipamento de ponta, cada vez se torna mais necessário que as universidades permaneçam abertas e em franca actividade as 24 horas do dia.

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