SINAIS (6)
Edmundo Cordeiro
Sexta e esta sim, penúltima
parte da tradução de "L'image de la pensée",
conclusão da Primeira Parte de PROUST ET LES SIGNES, de
Gilles Deleuze, PUF, Quadrige, Paris, 1964, pp.115-124.
Pode ser que a crítica
da filosofia, tal como Proust a empreende, seja eminentemente
filosófica. Qual o filósofo que não desejaria
esboçar uma imagem do pensamento que não dependesse
de uma boa vontade do pensador e de uma decisão premeditada?
Quando sonhamos com um pensamento concreto e perigoso, sabemos
bem que ele não depende nem de uma decisão nem
de um método explícitos, mas do encontro com uma
violência, refractada, que nos conduz até às
Essências apesar de nós próprios. Pois, as
essências vivem nas zonas obscuras, não nas regiões
temperadas do claro e do distinto. As essências estão
embrulhadas naquilo que força a pensar, não respondem
ao nosso esforço voluntário; não se deixam
pensar senão na medida em que sejamos constrangidos a
fazê-lo.
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