Abandono do ensino obrigatório
Crianças sem escola
Mais de mil alunos abandonam
todos os anos a escolaridade obrigatória na região
centro, divulgou a DREC. O concelho da Covilhã não
foge à regra.
Por
Ana Maria Fonseca
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Na Covilhã o
abandono da escola está muitas vezes associado a factores
sócio-culturais
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É nos meios rurais que
se verifica o maior índice de abandonos escolares antes
de terminar o ensino obrigatório. Os dados avançados
pela Direcção Regional de Educação
do Centro (DREC) apontam para um abandono anual de cerca de mil
alunos. Estes dados referem-se apenas à frequência
até ao 9º ano de escolaridade ou até aos 16
anos de idade que constituem a escolaridade obrigatória.
Na Covilhã, os dados indicam que há mais raparigas
do que rapazes a abandonar a escola antes dos 16 anos e, na sua
grande maioria, são oriundos de famílias desestruturadas.
Os números não são exactos, mas os casos
falam por si. A falta de formação e de acompanhamento
dos pais faz com que os seus filhos apresentem maiores dificuldades
de adaptação e desinteresse pela escola. O isolamento
geográfico é outra razão para que algumas
crianças nunca cheguem a frequentar a escola.
Os jovens de etnia cigana enfrentam dificuldades acrescidas.
Para além da tradição nómada impossibilitar
o enraizamento num estabelecimento de ensino, as jovens ciganas,
logo que atingem a puberdade, são forçadas, pelas
famílias, a deixar a escola.
Os dados avançados por Maria do Rosário Rocha,
vereadora da cultura e da educação da Câmara
Municipal da Covilhã, apontam para casos em que as escolas
se socorrem de instituições a fim de resolverem
os problemas mais graves. É o caso da Comissão
de Protecção de Menores, equipa responsável
pela intervenção em casos de abandono e absentismo
dos alunos com idade inferior a 16 anos. Este organismo conta
com representantes de diversas áreas, como a saúde
a segurança social, a psicologia e a educação.
No ano 2000, foram instaurados onze processos relativos ao abandono
escolar. Três destes jovens voltaram à escola. "Geralmente
estes casos não são logo arquivados, uma vez que
há hipótese de uma recaída", sublinha
a vereadora, acrescentando que "os processos relativos a
alunos de etnia cigana são logo arquivados, uma vez que
não se pode ir contra a tradição".
Relativamente ao absentismo, a Comissão de Protecção
de Menores tem conhecimento de 12 alunos que, até Dezembro
do ano passado, faltaram sistematicamente às aulas. Apesar
da acção pedagógica realizada no seio das
famílias, tem sido muito difícil o reencaminhamento
da maior parte dos alunos a fim de completarem o ensino obrigatório.
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