Miguel Bardem  
La Mujer mas Fea del Mundo
por pedro homero


A edição deste ano do Fantasporto teve, como qualquer edição de qualquer festival, filmes 'bons' e 'maus'.
O vosso leal escriba só assistiu a 2 dias do festival, e não teve a sorte de ter o 'Amor Cão' em cartaz nesses dias. Não posso, portanto, escrever sobre o grande vencedor da secção de Cinema Fantástico do Fantasporto 2001,. No entanto, tive a sorte de ver o 'The Rain', a fabulosa curta-metragem americana que ganhou o prémio dos mais pequeninos (em metragem, entenda-se). E tive também a sorte de ver outros bons filmes.
Entretanto, e a encabeçar aqueles de que não gostei, encontra-se, com muita pena minha, (mas sem surpresa), a curta-metragem 'Henrique' de Jorge Sá, mais um exemplo, para engrossar o rol, do típico cinema pseudo-intelectual português, com técnica teatral, actores (sempre) a olhar para o infinito e um sentimento de deja-vu.
Em grande contaste, e servindo de exemplo, vi dois filmes espanhóis que demostram que nuestros hermanos têm um cinema a anos-luz de distância de nós - para a frente.
Los Lobos de Washington é uma produção modesta (em comparação com o filme destacado no título), mas com uma sábia utilização de recursos e a já usual capacidade de actuação dos espanhóis, com uma naturalidade e uma espontaneidade desconhecidas em 'sets' portugueses e um argumento inteligente e com pés e cabeça. Eis como se faz um filme, ponto final. Não é uma obra-prima, mas quem nos dera fazer filmes assim.
La Mujer mas Fea del Mundo por sua vez, é um pouco mais que isso e bem podemos esperar sentados para vermos em Portugal uma produção de semelhante qualidade, seja a nível técnico (irrepreensível) seja a nível humano (espanhol, não é preciso dizer mais nada).
Miguel Bardem realiza com muita competência e dirige uma equipa que lutaria mano a mano com uma adversária americana ou francesa, por exemplo. Fotografia cuidada, actuações de antologia (sobretudo Roberto Álvarez no papel do Inspector sério e circunspecto e Javivi como o divertido Sargento Pelayo) e um argumento ao mesmo tempo inteligente e despretensioso fazem deste filme um daqueles objectos raros que unem alegremente público e crítica, com uma sala inteira a aplaudir no fim.


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