Balanço positivo da organização
Covilhã diz adeus ao Entrudo

Depois do adeus final ao entrudo é hora de fazer o rescaldo. Milhares de pessoas vindas de todo o País elegeram a Serra da Estrela como destino das mini férias de Carnaval. Na Serra a taxa de ocupação dos hotéis foi de 100 por cento. Já na cidade foram poucos aqueles que quiseram brincar ao Carnaval.

 Por Carla Loureiro
e Marisa Miranda

 

Enterrado o entrudo de 2001 há já quem pense no próximo ano

Apenas algumas dezenas de pessoas saíram à rua para se despedirem do Carnaval. O Grupo Recreativo Vitória de Santo António e o Teatr'UBI juntaram-se e recriaram a tradição do enterro do Entrudo. E apesar de S. Pedro não ter ajudado à festa, na noite de terça-feira, dia 27 de Fevereiro, o ritual cumpriu-se. Pelas ruas da Covilhã ouviram-se os gritos desesperados das carpideiras no último adeus ao Entrudo 2001. O desfile fúnebre, que saiu de Santo António, terminou no Calvário com a tradicional queimada.
Apesar do frio e da neve, a performance do Teatr'ubi captou as atenções de um público que não arredou pé. Para a responsável do grupo de teatro, Maria do Carmo Teixeira, "a melhor forma de encerrar o Carnaval da Neve 2001 foi realmente esta parceria com o Vitória de Santo António".
No final, o presidente do Grupo Recreativo Vitória de Santo António, Rafael Pardal, mostrava-se satisfeito com o espectáculo. A nota negativa foi para o pequeno número de participantes no cortejo. "Muitas pessoas já tinham os rendarilhos para trazer no desfile, mas à última hora foram entregá-los por causa do frio", lamenta.

Neve foi Rainha

A Serra foi invadida por uma enchente que neste carnaval procurava mais a neve do que a folia. "As pessoas que vêm para cá são do Porto, Lisboa, Sintra, e por isso não tiveram acesso ao programa. Os turistas vêm para aproveitar duas semanas de bom tempo e boa neve", afirma Bruno Martins, director do hotel Varanda dos Carqueijais, nas Penhas da Saúde.
As boas condições climatéricas proporcionaram aos forasteiros quatro dias de diversão e descanso. As pistas de esqui estiveram cheias. Segundo Arménio Matias, professor de esqui "deslizava-se muito bem e a sensação era espectacular".
A hotelaria da região preparou para esta época um programa especial. Com preços entre os 53 mil e 500 escudos e os 160 mil, o programa incluía alojamento, alimentação, animação carnavalesca e uma visita às aldeias históricas. A avalanche de turistas encheu por completo os hóteis e restaurantes.
O cenário foi bem diferente na cidade da Covilhã. A fraca adesão da população marcou a edição do Carnaval da Neve 2001. No entanto, o vereador da Câmara Municipal da Covilhã Joaquim Matias faz um balanço positivo desta iniciativa "o carnaval da neve 2001 foi um sucesso".
Apesar de toda a euforia, um incidente marcou este Carnaval. Um turista acidentado teve de ser transportado para o Hospital Cova da Beira num carro particular por falta de assistência médica junto ao Centro Comercial da Torre. Esta situação veio reacender uma vez mais a questão da segurança na Serra.

  

Clube Nacional de Montanhismo quer nova sede

António Pinho, presidente do Clube Nacional de Montanhismo (CNM), em hora de balanço, espera o cumprimento das promessas feitas em Dezembro último pela Câmara Municipal, quanto à atribuição de uma nova sede para o Clube. O CNM debate-se com algumas dificuldades económicas que o impediram de organizar a edição deste ano do Carnaval da Neve. "As nossas dificuldades económicas não são fruto de má gestão, mas do facto de a Câmara não ter assumido o compromisso de nos pagar a renda ou dar uma nova sede", justifica.
Em Julho de 2000 o CNM suspendeu todas as suas actividades de forma a pressionar a Câmara a dar-lhes uma nova sede. Segundo António Pinho, a demora da resolução desta questão explica-se pelo facto "de nós não sermos um clube de bairro por isso não damos votos". O processo arrasta-se desde de 1975 data em que o CNM foi solicitado pela autarquia para ceder parte do seu espaço a um outro clube. Depois de terem sido despejados da sua sede devido a uma acção judicial imposta pelo seu senhorio, os montanhistas viram-se obrigados a procurar um novo espaço. O aumento do valor da renda provocou no orçamento do clube um abalo. Actualmente o Clube Nacional de Montanhismo paga 120 mil escudos de renda o que inviabiliza a realização de outras actividades entre elas o Carnaval da Neve. "Nós só queremos que a Câmara Municipal da Covilhã tenha uma acção de solidariedade para com este clube igual à que tivemos no passado com o clube Benfica da Covilhã" sublinha António Pinho.
Fica a certeza de que com ou sem sede o Clube Nacional de Montanhismo vai organizar o carnaval da Neve 2002.

 

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