António Fidalgo
|
Feriados a mais
Começou na semana passada
o segundo semestre e logo na segunda semana temos três
dias sem aulas. Alunos houve que, por isso, nem apareceram na
primeira semana, e alunos haverá que estenderão
os dias de carnaval aos dois dias de aulas que sobram. É
certamente carnaval a mais. A culpa é da instituição
que estabelece o calendário escolar, mas também
da mania nacional dos feriados e das tolerâncias de ponto
na função pública.
Sofre o nosso país de falta de produtividade. Não
tem isso claramente a ver com os feriados, a que se juntam as
famosas pontes com os fins de semana?
Páram os serviços, as fábricas, a indústria
e o comércio. Em Junho próximo teremos uma dessas
célebres pontes. Com o dia 13 de Junho, feriado em Lisboa
e noutros munícipios do país, a cair a uma quarta
feira e com a quinta feira seguinte feriado religioso do Corpo
de Deus, é certo e sabido que meio Portugal vai parar
uma semana.
Nada contra o descanso dos trabalhadores. Mas porque não
converter os feriados em dias de férias? Não seria
melhor até para a economia nacional que os dias feriados
fossem duplicados em dias de férias? É que as férias
são individuais e não obrigam ao encerramento dos
estabelecimentos. Em vez dos 22 dias de férias os trabalhadores
poderiam ter direito a 30 ou mais dias, e poderiam distribui-los
conforme entendessem. Tal não afectaria necessariamente
a produtividade dos serviços e das empresas. Pelo contrário,
haveria um maior utilização de instalações
e equipamentos. Beneficiaria com isso o país e também
as pessoas à procura de emprego, já que as empresas
teriam necessidade de, estando mais dias em funcionamento, contratar
mais trabalhadores.
A conversão dos dias feriados em dias de férias
beneficiaria todos: empresas que rentabilizariam melhor os seus
recursos, trabalhadores que teriam férias significativamente
mais longas ou então com possibilidade de distribuir o
seu tempo livre conforme lhes apetecesse ao longo do ano, os
utentes dos serviços que não bateriam tantas vezes
em portas fechadas, o país que veria a produtividade aumentar
significativamente. Ah, e os calendários lectivos deixariam
de estar cheios de buracos.
A função comemorativa dos dias feriados poderia
facilmente passar para os fins de semana mais próximos.
|