SINAIS (4)

Edmundo Cordeiro

Quarta parte da tradução de "L'image de la pensée", conclusão da Primeira Parte de PROUST ET LES SIGNES, de Gilles Deleuze, PUF, Quadrige, Paris, 1964, pp.115-124.

"Vamos encontrar a aventura do involuntário ao nível de cada faculdade. De duas maneiras diferentes, os sinais mundanos e os sinais amorosos são interpretados pela inteligência. Mas já não se trata dessa inteligência abstracta e voluntária, que pretende encontrar por si própria verdades lógicas, ter a sua própria ordem e passar ao lados das pressões do exterior. Trata-se de uma inteligência involuntária, que sofre a pressão dos sinais, animando-se somente para os interpretar, para desse modo conjurar o vazio onde sufoca, o sofrimento que a submerge. Em ciência e em filosofia, a inteligência vem sempre antes; mas o que é próprio dos sinais é apelo que eles dirigem à inteligência na medida em que ela vem depois, na medida em que ela deve vir depois. Passa-se o mesmo na memória: os sinais sensíveis forçam-nos a procurar a verdade, e assim mobilizam uma memória involuntária (ou uma imaginação involuntária nascida do desejo). E OS SINAIS DA ARTE FORÇAM-NOS A PENSAR: ELES MOBILIZAM O PENSAMENTO PURO como faculdade das essências. DESENCADEIAM NO PENSAMENTO AQUILO QUE MENOS DEPENDE DA SUA BOA VONTADE: O PRÓPRIO ACTO DE PENSAR. Os sinais mobilizam, constrangem uma faculade: inteligência, memória ou imaginação. Esta faculdade, por sua vez, põe ela própria o pensamento em movimento, força-o a pensar a essência. Sob o incitamento dos sinais da arte, nós aprendemos o que é o pensamento puro como faculdade das essências, e como é que inteligência, a memória ou imaginação a diversificam relativamente às outras espécies de sinais." (Sublinhados do tradutor.)

[CONTINUA]

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