O presidente da associação
académica, Jorge Jacinto, confessa estar desiludido com
o que se está a passar na UBI. "A questão
do novo calendário escolar não é de datas
mas de um conjunto de regras que não estão a ser
cumpridas". Segundo o dirigente estudantil é fundamental
uma maior qualidade de ensino, requisito que não existe
em alguns cursos. "Há professores que estragam o
trabalho de outros grandes professores", afirma. Na opinião
de Jacinto é preciso que os professores sejam competentes
e demonstrem elevadas capacidades pedagógicas. "Não
interessa que o professor edite livros se não consegue
passar os conhecimentos", conclui.
Desanimado com a falta de competência por parte de alguns
docentes, o líder académico afirma ter medo de
alguns vícios que se estão a criar. "Existem
casos de professores que vêm dar uma aula e depois vão-se
embora", declara. Esta ideia é partilhada pelo presidente
do núcleo de Química Industrial e Bioquímica,
UBIQuímica, Pedro Nunes, que aponta o caso de "um
professor que vem de Coimbra à quarta-feira à noite,
dá aulas na quinta-feira de manhã e depois de almoço
vai-se embora." Esta indisponibilidade do docente conduz,
na opinião do representante de UBIQuímica, a uma
taxa elevada de reprovações nas disciplinas de
Física e Matemática.
Por outro lado há ainda a mentalidade de que o professor
tem "a faca e o queijo na mão". "Os professores
chegam às aulas, expõem os critérios de
avaliação e os alunos aceitam passivamente",
refere Pedro Nunes.
O presidente do Conselho Pedagógico, José Manuel
Santos, considera que "o professor pode ouvir o aluno mas
a última palavra é do docente porque é ele
o responsável pedagógico". Acrescenta ainda
que o professor é obrigado a apresentar os critérios
oralmente e por escrito, salvaguardando a transparência
do processo.
"Férias em Janeiro?"
Referindo-se a um possível
balanço da aplicação do novo calendário,
o professor José Manuel Santos, afirma: "É
ainda cedo para se fazer essa avaliação pois é
necessário analisar os resultados da época de recurso".
No entanto, refere a existência de alguns aspectos negativos.
Para os alunos que entram na segunda e terceira fases do primeiro
ano curricular, o primeiro semestre acaba por ficar reduzido
a quatro semanas de aulas. Face a esta situação
o professor é obrigado a reduzir a matéria ou,
caso contrário, o aluno não tem tempo para a assimilar.
Um outro aspecto apontado por este docente, e frisado por responsáveis
da UBI, é o facto da Universidade se encontrar vazia nos
meses de Janeiro e Fevereiro contribuindo para uma má
imagem ao nível da opinião pública. "Houve
inclusive um pai de um aluno que chegou a telefonar para a Reitoria
a perguntar porque é que o filho estava em casa em Janeiro",
explica.
Para o presidente da AAUBI esta transição foi demasiado
rápida levando a instituição a dar "um
passo maior que as pernas. A universidade não quis ouvir
os alunos e acha que somos carne para canhão".
No seu entender a solução poderá ser "a
adopção de calendários diferenciados, transformar
a Universidade em faculdades e conceber calendários diferenciados
para as ciências sociais e humanas, ciências exactas
e engenharias".
Drama da nota mínima
A nota mínima foi um
dos problemas discutidos na reunião de núcleos.
Trata-se de uma norma integrante das regras gerais de avaliação
de conhecimentos descrita no Guia das Actividades Académicas.
Adoptada por alguns professores como forma de aumentar a dedicação
e empenho à disciplina, continua, no entanto, a ser alvo
de críticas. Jacinto opõe-se à sua existência
e assinala o caso da disciplina de Termodinâmica em que
a nota mínima se fixou nos seis valores. Dos 600 alunos
inscritos mais de 400 foram excluídos por terem classificações
inferiores. " Isto faz com que muitos alunos que começam
a trabalhar nunca mais acabem o curso", acrescenta. Há
ainda casos de disciplinas cuja nota mínima é de
doze valores, critérios que os estudantes consideram inadmissíveis.
No final da reunião a AAUBI chamou a atenção
para a campanha "critérios de avaliação"
que tem como lema "Continua a ir às aulas, motiva
o teu professor!".
|