Ao lado de Eduardo Souto Moura,
arquitecto portuense premiado internacionalmente, estará
Humberto Vieira, especialista em obras de restauro. A dupla de
arquitectos vai trabalhar na recuperação do Ex-Sanatório
dos Ferroviários nas Penhas da Saúde.
O trabalho conjunto destes dois arquitectos foi notável,
por exemplo, na recuperação do Mosteiro de Santa
Maria do Bouro, no Gerês, também para a reconversão
em Pousada.
A obra da nova Pousada da Empresa Nacional do Turismo, ENATUR,
deve avançar até ao final de 2001. Este é
um trabalho que agrada particularmente a Souto Moura visto ser
possível uma quase integral recuperação
do traçado original. Desta forma, em 2003 "renascerá"
o hotel que Cottinelli Telmo concebeu em 1927, e que demorou
14 anos a erguer. Souto Moura interpreta este projecto do arquitecto
italiano, responsável por várias construções
para Salazar durante o Estado Novo, com a intenção
de ali criar um hotel para doentes.
A trabalhar neste projecto há algum tempo, o arquitecto
constatou que apenas terão que ser feitos alguns ajustes
para a melhoria do conforto oferecido por aquele edifício
austero, de fortes proporções clássicas.
Criar um ambiente novo a partir do antigo é o objectivo
com que Souto Moura e Humberto Vieira avançam para esta
obra, que deverá chegar a um investimento de dois milhões
de contos. Também a decoração contribuirá
para esse efeito desejado. A futura pousada será decorada
com móveis inspirados em Terrini, arquitecto italiano
que foi braço direito de Mussolini.
Souto Moura garante que não vai haver um corpo novo, "que
seria difícil de camuflar", mas que irá trabalhar
sobre a estrutura mãe. Para isso vai proceder à
demolição do pavilhão das traseiras, aumentando
nesse espaço as cozinhas. Também os edifícios
anexos vão sofrer o toque do arquitecto. A Casa do Médico,
as garagens e edifício do pessoal, que irá manter
as funções para que foi concebido, vão ser
recuperados de forma a que em época baixa ou em caso de
lotação do edifício principal se possa proceder
ao alojamento na Casa do Médico, um espaço com
mais de 300 metros quadrados.
Até 61 quartos e
Health Club
Por volta das 15 horas e 30
minutos, de terça feira, 20, o Salão Nobre da Câmara
Municipal da Covilhã encheu-se de convidados para assistir
à apresentação do anteprojecto do antigo
Sanatório dos Ferroviários, que deverá converter-se
numa das mais importantes estruturas hoteleiras a nível
nacional. Assim vaticinam os especialistas e envolvidos no projecto.
As obras vão iniciar, conforme prevê o calendário,
até ao final do ano e deverão estar concluídas
em 2003. Nessa altura, a Serra da Estrela disporá de mais
35 quartos duplos, 16 suites, cinco quartos familiares (podendo
converter-se em 10 individuais) e uma suite presidencial para
o turismo.
Vítor Neto, secretário de Estado do Turismo, adiantou
que as entidades locais se devem centrar na "focagem da
sua melhor imagem de marca". "A Serra da Estrela está
madura para dar um salto em frente no desenvolvimento do Turismo.
O turismo está a crescer vertiginosamente e os empresários
têm perante si desafios muito fortes."
Para além do alojamento, a Pousada da Serra da Estrela
fica dotada de uma Health Club, salas de reuniões e espaços
para conferências que servirão a população
covilhanense e turistas. Este e o parque de estacionamento, com
capacidade para 50 a 60 carros, serão as únicas
construções de raiz. O Health Club será
construído numa cota inferior, aproveitando a própria
natureza do solo, não interceptando a vista sobre o vale.
Esta estrutura será composta por jacuzzi, ginásio
e uma piscina com paredes envidraçadas amovíveis.
O parque de estacionamento será subterrâneo, com
arborização na frente para tapar a visibilidade.
No meio das árvores irá surgir um jardim de esculturas
com luzes, feitas de betão revestido a ferro, que traçam
o percurso entre a entrada e o Health Club.
Souto Moura irá ainda mexer nos solários do último
piso recuperando-os. Souto Moura, ao estudar os projectos de
Cottinelli Telmo, descobriu ali uma desacordo arquitectónico
não compatível com a tradição do
autor. O aproveitamento daquele espaço, interpreta Souto
Moura, fica a dever-se à grande vaga de doentes que necessitavam
de ser acolhidos no Sanatório.
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