José Geraldes
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Voluntariado
A Assembleia Geral das Nações
Unidas decretou o ano 2001 como o Ano Internacional do Voluntariado.
A medida afigura-se oportuna, pois é uma forma de lembrar
a todos os cidadãos do mundo os deveres da solidariedade
para com os outros. Fazer acções sem qualquer espírito
lucrativo a favor do ser humano torna-se um valor acrescentado
à vida.
O voluntariado surge como um elemento a ter em conta na própria
economia dos estados e no reforço dos laços sociais
nas comunidades. Justin Davis Smith concretiza o valor económico
do voluntariado para a sociedade. Caso não existisse o
voluntariado, os governos ver-se-iam obrigados a investir dinheiros
públicos em programas com o objectivo de realizar as mesmas
acções.
A consolidação do tecido social sublinhado por
Justin Davis Smith salta à vista. E os voluntários
dão um humanismo novo às tarefas que lhes são
cometidas.
Daí o voluntariado, na disponibilidade dos seus membros
contribuir para um mundo onde os afectos faltam. E, sem afectos,
as pessoas transformam-se em máquinas.
O voluntariado infunde uma nova alma à sociedade que muitas
vezes se mostra incapaz de responder às carências
das pessoas e dos seus serviços.
As Nações Unidas resumiram em quatro pontos os
objectivos do Ano Internacional do Voluntariado. Assim:
1. Reconhecer de forma crescente o trabalho voluntário,
quer através de estudos nacionais que descrevam e quantifiquem
os respectivos contributos para a construção do
bem estar e do desenvolvimento, quer através de prémios
que reconheçam os melhores exemplos de acções
de voluntariado desenvolvidas individualmente, por pequenos grupos,
comunidades locais ou ONGs nacionais.
2. Facilitar de forma efectiva o trabalho voluntário (nos
moldes que cada País entenda mais adequado), disponibilizando,
por exemplo, sistemas de formação no sentido de
encorajar a competência técnica e as capacidades
de gestão e de contabilidade no sector voluntário,
ou garantindo um estatuto legal que inclua protecção
pela Segurança Social ou por um sistema de seguro, idêntico
ao dos outros trabalhadores, ou definindo um regime de dedução
fiscal para aqueles que sustentam iniciativas de voluntariado.
3. Organizar um modelo de trabalho em rede que envolva a televisão,
a rádio, a imprensa escrita e electrónica no sentido
de divulgar acções, atrair candidatos e evitar
que cada comunidade ou grupo reinvente acções,
projectos, iniciativas.
4. Promover o trabalho voluntário criando um clima generalizado
de opinião pública que estimule e suporte particularmente
o voluntariado, quer pelo reforço do profissionalismo
e competência dos voluntários quer pelo reconhecimento
dos benefícios que advém para a sociedade daquelas
práticas (recolha de sangue, limpeza do ambiente, campanhas
de dinamização e presença nos hospitais).
Tais objectivos serão letra morta se não houver
quem promova as iniciativas abertas ao voluntariado. E não
só. É necessário dá-las a conhecer
e sensibilizar os possíveis candidatos. Actualmente e
nos tempos futuros, haverá cada vez mais pessoas reformadas
em pleno exercício das suas faculdades. E que podem ocupar
o seu tempo livre em acções a favor do outro. Será
a tónica do serviço ao próximo que valorizará
a prática do voluntariado. E aqui de lembrar a máxima
evangélica: "Faz aos outros aquilo que gostarias
que te fizessem a ti".
Esta é a pedra de toque de qualquer trabalho voluntário.
As autarquias, governos, instituições, igrejas
têm campo aberto a despertar o serviço do voluntariado.
A sociedade civil que responda sem medos.
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