Momento histórico
Cemitério dignifica Comunidade Judaica

Marcada por rituais próprios, a cerimónia fúnebre judaica tem agora espaço próprio em Belmonte. A Comunidade uniu-se em volta da inauguração do seu Cemitério

 Por Sérgio Felizardo
NC/Urbi et Orbi

No cemitério Fortuna Azulay, os judeus podem cumprir os seus rituais fúnebres

Num momento considerado histórico, a Comunidade Judaica de Belmonte (CJB) inaugurou no domingo, 11, o seu Cemitério. 50 talhões, espaço para 300 campas e infra-estruturas apropriadas aos rituais próprios das cerimónias fúnebres judaicas estão agora paredes-meias com o cemitério cristão.
Um desejo antigo dos mais de 200 membros da comunidade belmontense, mas também de todos aqueles espalhados por Portugal e pelo Mundo. Do Sul, do Norte, de Marrocos, França e Estados Unidos muitos foram os que não quiseram faltar a esta inauguração. Símbolo físico "da reposição da justiça devida ao passado cultural e religioso de um povo", nas palavras de Jorge Patrão, presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), o Cemitério é a confirmação de que esta Comunidade "tem peso no mundo inteiro".
A concretização do projecto teve o apoio da Câmara Municipal local que, no entender do presidente da CJB, Fernando Henriques, deu um contributo fundamental e "demonstrou uma grande abertura". Um sentimento partilhado por todos e corroborado pelas palavras do embaixador de Israel em Portugal que presidiu à cerimónia. Para Yehiel Yativ, Belmonte "é um exemplo para o Mundo e um orgulho para todos os judeus".
Orgulhoso estava, também, Salomão Azulay. O viúvo de Fortuna Azulay, grande impulsionadora do projecto da Sinagoga que a Comunidade ergueu na vila, agradeceu o facto de o cemitério ter o nome da sua falecida esposa e, com a emoção estampada no rosto, dirigiu-se aos presentes, em francês, e afirmou: "Já me sinto um belmontense. Aqui sente-se a ressurreição do judaísmo na força e unidade que a Comunidade demonstra".

  

Projecto adjudicado este ano
Museu complementa Rota das Judiarias

Depois da Sinagoga e do cemitério, 2002 vai ver nascer em Belmonte um Museu Judaico.
A novidade foi avançada ao NC pelo presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE). Jorge Patrão confirma que o projecto está em fase de conclusão e que este ano a obra vai ser adjudicada. "O Museu pretende contar a história de uma comunidade única em Portugal, que resistiu durante séculos a perseguições e que hoje preserva a herança de um passado medieval", acrescenta Patrão. Factores que encerram em si "um grande potencial turístico" e que complementam todo o projecto que a RTSE está a desenvolver no sentido de divulgar a Rota das Judiarias da Serra da Estrela (de que o NC publicou um suplemento na edição de 1 de Dezembro de 2000).
O Museu será assim, conclui Jorge Patrão, um repositório do que foi o passado de Belmonte, da Estrela e de Portugal em termos de judaísmo: "É a possibilidade de dotar a Rota de um espaço físico de consulta, descentralizado depois em Centros de Interpretação na Covilhã, Guarda, Fundão e Trancoso".

 

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