| 
                   
                  
                  
                Barbosa de Melo
 
                rebate princípio da  
                proporcionalidade 
                representativa 
                 
                
                  
                    | 
                     "Como
                    aluno era já uma lenda viva" 
                    Actualmente
                    investigador e professor catedrático da Faculdade de Direito
                    de Coimbra, António Moreira Barbosa de Melo construiu
                    uma carreira exemplar. Nascido a 2 de Novembro de 1932 em Lagares
                    / Penafiel, é casado e pai de quatro filhos. Licenciado
                    em Direito pela Universidade de Coimbra, onde também tirou
                    um curso complementar de Ciências Político-Económicas,
                    obteve em ambos a classificação final de 18 valores.
                    Recordando-o nesse tempo, localizado entre 1955 e 1961, Manuel
                    Antunes Ferreira, seu colega de faculdade, define-o no início
                    desta conferência como "alguém que, como aluno,
                    era já uma lenda viva" e que posteriormente se viria
                    a transformar "num professor com maiúscula". 
                    Homem de leis, Barbosa de Melo iniciou a sua carreira como assistente
                    e encarregado de regência. Das suas principais actividades
                    políticas e legislativas, destaca-se a sua acção
                    enquanto Vogal da Comissão para a elaboração
                    da lei eleitoral para a Assembleia Constituinte, entre Junho
                    e Agosto de 1974, Assembleia de que viria a ser deputado no dois
                    anos seguintes. Em 1976-77 é deputado à Assembleia
                    da República, função que retoma entre 1991
                    e 1999. Pelo meio, ficam cinco anos na presidência da AR.
                    É membro do Conselho de Estado desde 1985 até hoje.
 
                      |  
                   
                  
                 | 
               
              | 
            
             "Século XXI
            Perspectivas" apresenta nova conferência 
            A proporcionalidade enquanto
            vírus da Democracia 
             
            Carlos Pinto convidou António
            Barbosa de Melo para vir à Covilhã falar de Política.
            O convite foi aceite e resultou numa conferência intitulada
            "Sistema Eleitoral e Representação Política
            Partidária". A quinta apresentada no âmbito
            do ciclo de colóquios "Século XXI Perspectivas",
            que encheu o Salão Nobre da Câmara Municipal na
            noite de sexta-feira. 
 
            
 
               
              
                
                  Por
                Catarina Moura 
                  | 
               
             
            Quem recorda António
            Barbosa de Melo enquanto presidente da Assembleia da República,
            cargo que exerceu entre 1991 e 1995, não se espanta ao
            sabê-lo orador da conferência "Sistema Eleitoral
            e Representação Política Democrática".
            Professor e homem de leis, Barbosa de Melo é acima de
            tudo um animal político. Qualidade que demonstrou e comprovou
            na noite de sexta-feira, 16, a todos os que encheram o Salão
            Nobre para o escutar.  
            Barbosa de Melo centrou a sua exposição numa questão
            fundamental: "a representação política
            deve ter em conta apenas o número de habitantes de cada
            zona ou deve considerar outras variáveis para ter um sistema
            democrático devidamente aparelhado?" A sua conclusão
            recai sobre a segunda tese, que o orador defende apaixonadamente.
             
            "Daqui a uns anos o
            Interior vai ter javalis a representá-lo" 
            Estruturando o seu discurso
            em torno de cinco situações exemplares que primeiro
            expõe e depois comenta, Barbosa de Melo fala entre elas
            de uma que tocou especialmente a audiência: os ciclos eleitorais
            do Interior raiano. As palavras não espantam: o despovoamento
            progressivo do Interior deixa-o cada vez mais desprotegido a
            nível de representação política,
            pois em Portugal aplica-se o princípio da proporcionalidade.
            Consequentemente, as grandes cidades, onde estão reunidas
            as massas eleitorais, são privilegiadas em relação
            ao Interior. Segundo Barbosa de Melo, "a representação
            democrática não pode ser medida pela proporcionalidade.
            Os grupos medem-se pelo seu valor, não pelo seu número",
            defende. E questiona assim esta Democracia em que os círculos
            periféricos perdem cada vez mais peso nas decisões
            parlamentares, o que põe em causa o seu desenvolvimento
            e a defesa dos seus interesses. "Daqui a uns anos o Interior
            vai ter javalis a representá-lo, nada mais" afirma,
            crítico. 
            Maioria absoluta soluciona
            assimetrias 
            Também Carlos Pinto
            vê a representação do Interior minada pelo
            princípio da proporcionalidade. "Não é
            aqui que se joga o resultado final das eleições"
            ironiza, afirmando que os cinco deputados do distrito de Castelo
            Branco são muito poucos para falar por uma zona tão
            extensa. "No Interior há menos gente mas há
            interesses a defender e assimetrias a corrigir", conclui. 
            Para Barbosa de Melo a solução das assimetrias
            portuguesas passa pela maioria absoluta. Defensor das maiorias
            parlamentares, conseguidas quer por votação quer
            por coligação, este ex-deputado vê aí
            o segredo para uma Democracia saudável. "Governos
            por minoria são governos frágeis. Em Portugal estamos
            condenados a essa fragilidade. Na nossa Democracia é a
            oposição que faz o governo. Numa Democracia saudável
            não seria assim", argumenta. 
            O ciclo de colóquios "Século XXI Perspectivas"
            prossegue em Março, com uma palestra de Carvalho Rodrigues,
            "pai do satélite português". "Quisemos
            organizar estas conferências sobre vários temas
            do nosso tempo no município não só para
            assinalar a entrada no novo século / milénio, mas
            também para criar um hábito" diz o edil, revelando
            ainda que o objectivo último deste ciclo será a
            publicação de um livro que reuna todas as conferências. 
              |