António Fidalgo
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Covilhã digital
É a Covilhã, em termos de acessibilidades, uma das cidades mais encravadas
de Portugal. Tem toda a razão o presidente da Câmara quando protesta
contra as péssimas ligações ferroviárias e rodoviárias actuais. O comboio
para a Guarda deixou de ser um meio de transporte para se tornar em
objecto de estudo de criancinhas da primária, e o IC para Coimbra continua
no papel e por lá vai ficar muitos anos. Por maior que seja a satisfação
pela auto-estrada Abrantes-Guarda - em andamento ela, que não ainda os
carros nela! - não se pode cair na ilusão de que a Covilhã deixa de ser
periferia.
Tem assim toda a razão, carradas dela, o senhor presidente da Câmara
quando reivindica melhores acessos para a Covilhã. Contudo, em 2001, não
bastam os bons acessos, medidos em velocidades terrestres. Encravada está
a Covilhã também em comunicações digitais. E é isso que importa também
dizer, sobretudo, depois de uma semana dedicada pelo Governo ao Portugal
digital. A Covilhã precisa de boas auto-estradas digitais, em que se ande
a Mega e a Gigabits, e não a ronceiros bits e kilobits, lembrando a
estrada a Coimbra por Unhais da Serra.
Vou-me cingir a um caso. Já temos televisão por cabo. A Cabovisão serve a
bem dizer todo o Interior, desde Castelo Branco a Seia, passando pela
Covilhã e pela Guarda. Mas o cabo serve muito mais do que para trazer mais
canais a fornecerem cada vez mais o mesmo. O cabo serve sobretudo para
comunicações, de voz e dados. Porque não temos então esses serviços?
Porque a rede de cabo aqui no Interior é uma ilha. A Cabovisão recebe o
sinal de televisão por antenas em Belmonte e limita-se a metê-lo no cabo.
Falta a ligação por fibra óptica ao Litoral.
Sem beneficiar do estatuto, e dos benefícios, de cidade digital que o
Governo deu às capitais de distrito, a Covilhã tem cartas para dar nesta
matéria. Não é só a Universidade a investir no digital, não é só o
Hospital a enveredar pela telemedicina, não é só o primeiro cibercentro
nacional a entrar em funcionamento brevemente, são também já as pequenas
empresas de recém licenciados da UBI a trabalharem já neste campo, em
áreas de html, 3D, produção e edição em vídeo digital. Faltam os bons
acessos digitais, rápidos e económicos.
Que a Câmara, que a Associação de Municípios, que demais instituições,
falem com a Cabovisão, negoceiem e apressem a Internet por cabo no
Interior. O futuro passa pelos acessos digitais.
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