|
|
Revolução
autárquica
PS e PSD defendem câmaras
monocolores
Governo e social-democratas
propõem uma alteração radical no sitema
de eleições autárquicas: uma única
eleição para Assembleia e Câmara Minicipal.
Partidos minoritários contestam.
NC/Urbi
et Orbi
|
|
Socialistas e social-democratas
preparam-se para revolucionar o sistema eleitoral autárquico.
Em vez da actual eleição directa de dois órgãos
distintos, Câmara e Assembleia Municipal (ou Junta e Assembleia
de Freguesia), assente num modelo de representatividade proporcional,
os dois partidos maioritários do País propõem
uma única eleição para a Assembleia Municipal.
O cargo de presidente da Câmara passa a ser ocupado pelo
cabeça de lista vencedor que pode escolher todo o executivo
ou, pelo menos, a maioria absoluta dos vereadores. Isto significa
que, apenas a eleição para as assembleias de freguesia
e municipal passa a ser directa e proporcional e que os executivos
camarários são escolhidos de acordo com a cor política
que subir ao poder.
É precisamente neste ponto, a escolha do número
de vereadores, que as propostas do PS e do PSD diferem. O Governo
propõe que o presidente escolha todos os vereadores, ainda
que possa escolhê-los de entre os partidos da oposição
e assume o executivo homogéneo a cem por cento. Por outro
lado, o partido "laranja", defende que o presidente
possa escolher apenas metade mais um e que os restantes sejam
distribuídos proporcionalmente pelas restantes forças
políticas. Uma posição que António
Capucho, líder parlamentar do PSD, admite ser apenas transitória
até se adoptar, em definitivo, a homogeneidade total do
executivo.
Esquerda repudia alteração
Do outro lado da "barricada" PP, PCP e Bloco de Esquerda
aliam-se na contestação às propostas de
avançadas por socialistas e social-democratas e acusam
o executivo de querer afastar as minorias políticas do
poder executivo. Os responsáveis daqueles partidos argumentam
que a nova lei não se justifica, uma vez que, actualmente,
cerca de 90 por cento das autarquias já tem maioria absoluta,
"logo não há razões para falar em instabilidade".
Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, "repudia"
ambas as propostas mas considera "a do PS mais escandalosamente
gravosa, pois impossibilita qualquer exercício democrático
do poder".
A compensação de atribuir mais autoridade à
Assembleia Municipal, parece não convencer as fracções
que se opõem à modificação da lei.
"O PS sabe que está a propor uma coisa que na prática
é impossível, uma vez que o partido vencedor consegue
sempre bloquear a existência de uma maioria de dois terços
na Assembleia Municipal. Logo a fiscalização fica
comprometida", salienta António Filipe, deputado
do PCP na Assembleia da República.
A projecto de alteração à lei eleitoral
para as autarquias foi debatido, na generalidade, na última
quarta-feira, 7, na Assembleia da República e, até
ao fecho desta edição, não foi possível
saber o resultado da votação. No entanto , e devido
à aliança entre PS e PSD, a aprovação
do projecto é quase um dado adquirido. |
Carlos Pinto Presidente da Câmara da Covilhã
Sou completamente
favorável às câmaras mono-colores. A Assembleia
Municipal deve reforçar os seus poderes, isto é,
ter mais poder executivo em termos políticos.
Há quem defenda a continuidade da parlamentarização,
mas isso acontece porque os seus partidos não têm
hipóteses de chegar a ser Câmara. Por alguma razão
o Governo não é um parlamento. |
Isilda
Barata Deputada
do PP na Assembleia Municipal
Não
posso concordar com uma lei que permite a uma lista vencedora
escolher todo o elenco de vereadores para a Câmara. Estou
completamente de acordo com a posição do meu partido.
Quer como deputada da Assembleia Municipal, quer como cidadã. |
Vítor Pereira Presidente da Concelhia do PS
Concordo plenamente.
Um executivo homogéneo tem muito mais facilidade em governar.
Os partidos na oposição correm o risco de ficar
sem vereadores, mas a Assembleia Municipal fica com mais poder
para se tornar um verdadeiro órgão fiscalizador.
Algo que os actuais vereadores, na maioria dos casos, em posição
minoritária não conseguem fazer. |
Armando Morais Presidente da Concelhia do PCP
Não
concordo. A constituição de executivos homogéneos
vai traduzir-se num empobrecimento da fiscalização
do poder autárquico e não abona nada em favor da
transparência política.
Dizer que a Assembleia Municipal fica com mais poderes é
uma "treta" e uma falsidade. A única coisa que
vai acontecer é a eliminação da eleição
directa. O que vai fazer com que a população não
se reveja na Câmara que elejeu. |
|
|
|