Paul Valéry
Apontamentos.
Arte, Literatura,
Política & Outros |
Paul Valéry
já então, em finais do século XIX, detectava
na reprodutibilidade técnica da obra de arte
a forma de, com exactidão, separar a verdade do falso.
A genuidade intocável de algumas só sublinha a
sua existência e permite a sua continuidade no tempo. Absorvendo-o
e enriquecendo a sua forma. Para Paul Valéry a arte não
é prazer, não se lhe retira nada. Apenas se é,
ou não é, provocado por ela permitindo aí
formas tão diversas quanto profundas de conhecer as almas.
E lembra bem "Quem suspeitará de tão considerável
perda se forem omitidas?".
Na literatura passar-se-á
aproximadamente o mesmo. Através dela, a projecção
de pensamentos multiplica-se até pontos de exaustão
ou redime-se ao seu poder argumentativo, revendo-se nela a cada
palavra. Esta viagem é o seu valor, a sua utilidade. Transparecendo
adversidade à edição e à crítica
literárias, contra os meios de difusão de mensagens,
crê na teoria da obra inacabada que se contradirá
eternamente entre o que de novo - esgotável - traz a poesia
e o que a memória retem naturalmente.
Da política diz sofrer-se de falta de sinceridade
geral, defende por isso o modelo anárquico. Não
reconhece valor nas massas, estúpidas, comandadas por
regras e cabeças que, investidas de poderes democraticamente
reconhecidos, pretendem impôr a sua vontade. Paul Valéry
partilha também da ideia de sociedade enquanto elemento
aniquilador do indivíduo, que vive assim alienado por
obrigações. Mascarada no seio da sociedade vive
a "Liberdade Política". "O único
regime concebível: a partir de mim mesmo."
por
raquel fragata |