Pais alegam irregularidades
Concurso
para auxiliares de educação gera polémica
Por
Raquel Fragata
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A Comissão de Pais
do Jardim de Infância de Santo António acusa a Câmara
Municipal de irregularidades no concurso para colocação
de auxiliares de acção educativa. A Câmara
diz ter procedido dentro da legalidade e por isso não
aceita acusações. PS e CDU tentaram levantar uma
Comissão de Inquérito mas o pedido foi chumbado
com os votos contra do executivo.
A sessão
de Câmara pública de sexta feira, dia 19, ficou
marcada pelas queixas da Associação de Pais dos
alunos do Jardim de Infância de Santo António, na
Covilhã. Os encarregados de educação estão
descontentes com a substituição, a meio do ano
lectivo, da auxiliar educativa que há já três
anos lecciona naquela instituição. Angela Silveira,
em representação dos pais, apresentou os motivos
pelos quais discordam da decisão do júri. "Temos
conhecimento pela auxiliar de acção educativa,
e pelos documentos do seu processo, que os anos de serviço
e as acções de formação que frequentou
não lhe foram contabilizados para efeito de concurso,
nomeadamente os três anos neste Jardim de Infância
e outros três anos noutra escola." Não compreendem
também como é que as classificações
desta profissional se situaram abaixo de outras com menos escolaridade.
E questionam a obtenção de classificações
de vinte valores nas provas de consulta dessas candidatas. "Penso
que essas e outras irregularidades têm que ser denunciadas."
O contrato que vinculava a funcionária àquela escola
só termina em Setembro, mas a secção jurídica
da Câmara Municipal justifica com uma cláusula do
contrato a rescisão do mesmo com um prazo de 60 dias para
a auxiliar abandonar a instituição. Entretanto
a nova auxiliar admitida na terceira fase deste concurso já
se encontra a exercer funções, factor que, no entender
dos pais, está a contribuir para um clima de tensão
dentro do Jardim de Infância que "perturba não
só as próprias crianças como os adultos".
Pedido de
inquérito chumbado
Levantadas
várias dúvidas sobre a condução do
processo de admissão de pessoal, os vereadores da oposição
propuseram a instalação de uma Comissão
de Inquérito para averiguar as alegadas irregularidades.
Sérgio Saraiva, João Martins, Carlos Casteleiro,
vereadores do Partido Socialista, e Vítor Reis Silva,
da CDU, subscreveram a proposta imediatamente chumbada pela maioria
PSD. Joaquim Matias, membro do júri de selecção,
mostrou-se "ofendido" pelas suspeitas levantadas e
acusa a oposição de especulação pré-eleitoral.
Matias justifica: "Eu entendo que a idoneidade do júri
não pode ser posta em causa. Este processo já foi
analisado e os lesados tiveram a oportunidade de recorrer e fizeram-no".
"A nosso entender não havia necessidade de mudar
as auxiliares da acção educativa nesta altura do
ano", afirmou no final da reunião Sérgio Saraiva.
O chumbo ao pedido da oposição só tem uma
leitura para o socialista: "Podemos subentender aqui que
as coisas não foram tão claras como deveriam ter
sido". Interpretação semelhante tem o vereador
da CDU. "Se o procedimento administrativo foi assim tão
claro, então qual é o problema de existir uma Comissão
de Inquérito que consulte o processo?", afirma.
Maria do Rosário Rocha, vereadora com o pelouro da Educação
e membro do júri, responde às acusações
feitas afirmando que a decisão está de acordo com
a legislação vigente a nível nacional, que
permitiu a contratação de uma auxiliar por tempo
incerto, apenas até serem divulgados os resultados do
concurso. "Aqui o procedimento foi o correcto com base na
legislação", reitera. E continua: "No
próprio contrato estava bem esclarecido que podia ser
renunciado desde que se desse 60 dias de prazo". A vereadora
afirma que o processo foi acompanhado de perto pelos sindicatos
e que nunca se colocou a questão da impugnação.
Para o vereador comunista "a argumentação
quanto ao contrato de provimento é uma interpretação
jurídica, mas é essencialmente uma decisão
política". Vítor Reis Silva afirma que se
estão a criar "jobs for the boys" e que o executivo
está a "alaranjar a Câmara Municipal".
E afirma existirem relações familiares e políticas
entre os órgãos de poder do concelho e as auxiliares
contratadas.
Pais não
querem desistir
Mas quem não
está satisfeita é a comissão de pais para
quem a situação tem que ser esclarecida. "Se
foram admitidas pessoas cujo concurso não foi regular
e transparente, então se calhar vamos ter que averiguar
isso e saber porquê", afirmam.
Os pais não acreditam na transparência do processo
e defendem que factores político-partidários terão
afectado a escolha. "Pensamos que os nossos filhos não
têm nada a ver com atitudes partidárias", afirma
Angela Silveira.
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