<Relações entre estudantes
e Ministério "azedam">
Ex.mos Senhores,
A propósito da notícia
nesta semana publicada no Urbi sobre as relações
entre estudantes e Ministério da Educação,
fiquei admirado com as declarações de Jorge Jacinto
acerca do corte de relações das associações
académicas e sobre o comentário deste, que questionado
sobre o insucesso escolar dos alunos do ensino superior, sugeriu
que este poderia residir na falta de capacidade pedagógica
dos professores. Apesar de ser aluno da UBI, ainda que a outro
nível que não a licenciatura, não posso
deixar de pensar e comentar, o que penso acerca de tudo um pouco
o que nos últimos anos se vem passando no Ensino Superior.
De facto, à medida que os anos vão passando, parece-me
claro que:
a) O que pretendem de facto
os dirigentes associativos? Será defender os direitos
dos alunos? Querem fazer uma carreira política? Que ou
quantas associações ou dirigentes académicos
podem dizer-se politicamente independentes de qualquer força
partidária, ou pelos menos actuar como tal? Confesso que
não conheço [actualmente] nenhum, mas duvido...,
independetemente, claro, das simpatias que cada um possa ter.
Hoje, mais do que nunca, tal como deixa a entender Jorge Bacelar
no seu artigo, é a visibilidade, o imediatismo, que conta.
b) Acerca do insucesso escolar,
parece-me consensual, que de facto ele existe; não vale
a pena escamotear o problema. No entanto, duvido muito que este
possa residir na questão pedagógica dos professores
do ensino superior. Sejamos claros: a um nível, como o
do ensino superior, é claro que é importante ter
bons professores (seja lá o que se entenda por conceito
de "bom"), isto é que saibam ensinar e sobretudo
transmitir aquilo que sabem. Mas, que pretendem Jorge Jacinto
e seus restantes companheiros? Querem que os professores lhes
mandem TPC's, como na escola primária? Que a "papinha"
lhes seja toda feita, pronta a engolir e sem mastigar? Não
é esperado a um(a) aluno(a) do ensino superior que saiba,
por exemplo, ir a uma biblioteca e procurar aquilo que pretende,
quanto mais não seja para recolher mais conhecimentos
do que aqueles que lhes são transmitidos nas aulas? Quantos
fazem isto? Como pode um aluno preencher um questionário
de avaliação de um professor, que provavelmente
ele nem sequer conhece, a não ser, talvez, pelas fotocópias
da matéria, que pediu emprestado a um colega? Não
passar de ano nesta ou naquela disciplina, ou até perder
um ano lectivo durante a licenciatura, é perfeitamente
normal. Existem dificuldades, que por vezes não conseguimos
ultrapassar; nisso não advém mal ou vergonha nenhuma.
Agora, não fazer disciplina nenhuma durante anos e anos?
Assim, não há pedagogia que valha!
Por fim, pretendo esclarecer
que esta pequena "análise" é meramente
pessoal e que não passa de uma simples opinião,
baseada na observação daquilo que me rodeia.
O Urbi continua de parabéns,
pela sua excelente qualidade.
C/ os melhores cumprimentos,
Luís Silva
Aluno de Mestrado da UBI
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