Na passada sexta feira, Joaquim
Matias, responsável pelo pelouro do Ambiente, apresentou
uma proposta aos restantes vereadores de contestação
ao decreto-lei 292/2000, publicado em Diário da República
a 14 de Novembro último. Este decreto-lei, relativo à
regulação geral do ruído nas cidades, vai
contra as disposições previstas na lei 159/99 quanto
ao modo de transferência de responsabilidades. A Associação
Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) contesta a constitucionalidade
deste decreto-lei e apela aos municípios para a não-aplicação
desta disposição.
O vereador Matias fala em "total desrespeito" pela
Assembleia da República e vai pedir a revisão e
suspensão imediata desta lei. A proposta foi apresentada
na sessão de Câmara realizada na sexta feira, 5,
mas não foi votada por oposição do vereador
João Martins que alegou desconhecimento sobre a matéria,
tendo por isso ficado adiada. O vereador acredita que na próxima
reunião a sua proposta seja aprovada por unanimidade e
então será enviada à Assembleia da República,
para apreciação e discussão, e para o ministro
do Ambiente e Ordenamento do Território, José Sócrates.
Proposta de revisão
do decreto-lei
vai para a AR e para Sócrates
A ANMP acusa o governo de não
cumprir o definido pela lei 159/99 que dispõe no seu artigo
3º, nº 2, que "a transferência de atribuições
e competências é acompanhada dos meios humanos,
de recursos financeiros e do património adequado ao desempenho
da função transferida", uma vez que não
houve qualquer sinal do Governo nesse sentido. Estima-se que
o custo desta operação ronde os "cinco milhões
de contos aos cofres dos poucos mais de 300 municípios",
afirma o vereador. Joaquim Matias acusa o Governo de não
ter consultado as autarquias, e de nem ter procurado o parecer
favorável da ANMP.
"É inadmissível que o Governo queira transferir
de uma forma, quanto a mim, saloia responsabilidades que nós
não temos sem que seja cumprido o clausulado da lei 159/99",
afirma.
Esta medida prevê que as autarquias elaborem, entre outros
documentos, os Mapas de Ruído das suas cidades caracterizando
as zonas sensíveis e tomando "medidas adequadas para
o controle e minimização dos incómodos causados",
"devendo tais zonas ser delimitadas e discriminadas no respectivo
Plano Municipal de Ordenamento do Território".
O responsável da autarquia da Covilhã sublinha
que "só há três instituições
no País preparadas para fazer isto" e acusa o governo
de "total desnorte e incompetência".
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