the sea and cake                                  oui

 


 

 

 

por Sérgio Felizardo



A família americana do denominado pós-rock (música paisagística que mantém do rock a tradição dos instrumentos, mas com uma elevada dose de melancolia e recurso a elementos electrónicos, vibrafones e outras sonoridades difíceis de explicar por palavras) deve ser das tribos musicais mais produtivas do planeta.
Por entre projectos mais ou menos conhecidos (Tortoise, Chicago Underground Duo, Trans Am ou Pan American) um nome surge quase sempre como fio condutor de todo o movimento: John McEntire. Na qualidade de músico, produtor, ou simples mentor, o líder dos Tortoise é, nos The Sea and Cake, baterista, percussionista, vibrafonista, teclista e encarrega-se, ainda, das marimbas. Juntamente com Sam Prekop, vocalista e guitarrista, Archer Prewit, guitarrista e teclista, e Eric Claridge, baixista, o génio de McEntire eleva "Oui" à dimensão (discutível, claro) de álbum do ano. Aqui não há pós-rock, mas pode-se perfeitamente chamar-lhe pós-pop. A música é estranha, intimista como se alguém nos estivesse a cantar ao ouvido e, no entanto, não deixa de ter a perfeição das mais singelas melodias de uns Smiths, ou de uns Belle and Sebastian. Sempre com a aridez impregnada da folk norte-americana. 2000 pode ter trazido discos tão bons como este (poucos), melhores é que não trouxe de certeza. Quando "Oui" acaba só há uma solução: voltar ao princípio e ouvi-lo outra vez. Até à exaustão.

clique aqui para regressar à Primeira Página