O estudo "Estrutura Empresarial
no Distrito de Castelo Branco", apresentado pelo NERCAB-Núcleo
Empresarial da Região de Castelo Branco, esteve na base
da conferência de imprensa promovida por Pedro Guedes,
colaborador do Centro de Recursos em Conhecimento (CRC), na terça-feira,
26.
Membro do CRC, economista e docente na Universidade da Beira
Interior (UBI) Pedro Guedes, depois de analisar o estudo elaborado
por uma equipa de técnicos da qual faz parte o ex-ministro
da economia Augusto Mateus, verifica que "afinal não
traz nada de novo ao que se sabia". Para o economista, encomendar
o estudo a uma equipa de renome sobre uma região analisada
há vários anos por técnicos locais "foi
perda de tempo".
"Para uma Cova da Beira Competitiva", "Estratégias
e Inovação Empresarial", teses de mestrado
e trabalhos de fim de curso dos alunos de Economia da UBI, são
estudos realizados desde 1997, cujas conclusões abarcam
temas só agora descobertos pelo estudo do Núcleo
albicastrense. "O problema da região não é
a falta de estudos, mas de relações institucionais
e de uma estratégia que interesse a todos", defende
Pedro Guedes.
Perante o trabalho realizado, o docente considera que, para além
de "não trazer nenhuma novidade", ainda omite
números e informação "que podem levar
a leituras erradas". Como exemplo destaca a referência
a serviços de apoio ao sector, mas refere só o
NERCAB e esquece o CRC e outras associações empresariais.
"É um erro estratégico crasso, a omissão
da maioria dos polos de desenvolvimento empresarial regionais.
Todos são importantes, desde os mais pequenos aos maiores,
sobretudo no papel decisivo nas redes de pessoas", sublinha
o economista, que define o estudo como "tendencioso e centralista".
Os números falaciosos em relação à
polarização das cidades rivais Covilhã e
Castelo Branco, a falta de advertência para os "inimigos"
circundantes, sobretudo Abrantes, Leiria, Tomar e Portalegre,
"competidores a curto prazo da zona sul do distrito",
são aspectos que levam Pedro Guedes a declarar que "este
não é um estudo completo".
"Uma questão
de credibilidade"
Perante as conclusões, "pouco concretas", do
trabalho elaborado, o membro do CRC defende alguns conceitos
para definir estratégias plausíveis para o distrito.
Uma das preocupações do Centro é fundamentar
os dados em conhecimento e avaliações técnicas.
Por isso, vários são os trabalhos realizados nesse
âmbito, acompanhados por técnicos e pessoal especializado.
Mas, a credibilidade não é a desejada. Pedro Guedes
dramatiza: "Se trabalhasse aqui um ministro, talvez tivessemos
outro impacto".
Assim, combater a falta de credibilidade é a prioridade
do CRC. Para sairmos da posição de choradinha do
Interior e mostrarmos as coisas boas que fazemos, pois nem sempre
o que tem nome sonante é novo e verdadeiro", garante
o economista. Pensar em conjunto e apostar na complementaridade
de instituições é o objectivo, pois "há
lugar para todos".
Com vista a desmoronar a ideia de que "tudo já foi
dito e nada mais há a acrescentar", Pedro Guedes
adianta a elaboração de um estudo, em colaboração
com um docente covilhanense na Universidade Nova de Lisboa, "para
rebater, ponto por ponto, o relatório apresentado".
Dentro de um mês o trabalho é apresentado às
associações regionais e surge como uma nova leitura
aos estudos anteriores.
O economista explica que a "crítica implícita
não é ao NERCAB, mas à relação
institucional que aquele núcleo e outras instituições
têm promovido ao longo dos tempos". "Não
somos os maiores, mas afinal já cá havia estudos,
há três anos, que dizem as mesmas coisas dos encomendados
hoje. Portanto, o problema não é a falta de estudos,
mas de estratégia institucional e de gente que se una
pelo mesmo fim, sem protagonismos", afirma.
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