José Cardoso Pires
 

          

  De Profundis,
  VALSA LENTA

Uma narrativa que trata o espirito e o universo que nos rodeia de uma forma diferente e original. O que está em causa é, sem dúvida, um processo de despersonalização; um encontro com a morte.
Os médicos dão um diagnóstico assustador ao personagem - José Cardoso Pires: acidente vascular cerebral de gravidade muito acentuada, um coágulo de sangue que tinha subido (do coração?) até á zona nobre do cérebro, bloqueando duramente a artéria (...). Morte cerebral, foi com esta expressão que a Agência Lusa passou a noticia á imprensa.
Um livro tão sedutor quanto dramático, narra a história de uma forma humorística e até irónica.
José Cardoso Pires relata uma experiência que marcou a sua vida. Uma história real que mostra bem o sofrimento e o desespero que se vive nas camas dos hospitais.
Um auto-retrato vivido e contado para lá da morte. Sem memória esvai-se o presente que simultaneamente já é passado morto. Perde-se a vida anterior. E a interior, bem entendida, porque sem referências do passado morrem os afectos e os laços sentimentais.
Uma luta continua do autor pela vida, que, muito a custo, consegue dizer não á morte. José C. Pires foi forte o suficiente para resistir á doença e ficar entre os vivos para contar a sua experiência.
Dois anos. Já dois anos sobre isto e só hoje é que dou por encerrada para sempre a minha viagem á desmemória, arquivando-a nestes apontamentos escritos á deriva por indícios trazidos na corrente. É este o último desabafo do autor.
Um livro pequeno, mas tão profundo que nos leva a sentir o que o personagem principal da história sentiu e ainda sente. Aconselho vivamente a leitura deste livro. Em especial àqueles mais curiosos e desligados das coisas terrenas. Afinal "a vida é bela", desde que se saiba vivê-la.

por Anabela Machado

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