José Geraldes
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Parabéns ao Menino-Deus
Em dia de aniversário,
cantam-se os parabéns ao festejado. Ao mesmo tempo, oferecem-se
prendas. E desejam-se ao aniversariante amanhãs risonhos.
Na celebração dos 2000 anos de Jesus Cristo, fica
bem cantar-lhe também os parabéns? Não só
fica bem mas também este gesto se impõe como indeclinável
dever.
No dia do seu nascimento, foram os Anjos os primeiros que entoaram
os parabéns. Depois os pastores. Os Reis Magos levaram-lhe
os presentes.
Ao longo dos séculos, a mesma alegria pelo nascimento
do Menino-Deus foi celebrada por milhões de seres humanos
que viram em Jesus a sua única razão de vida e
Nele depositaram as maiores esperanças.
Por isso, a Igreja decretou um jubileu para este ano 2000. Jubileu
significa alegria. E nova maneira de estar na vida. Ou seja,
fazer já do mundo o paraíso.
Para que tal aconteça, basta cada um viver segundo a mensagem
que o Menino nos deixou no Evangelho. Mensagem de amor, justiça,
verdade e liberdade. Dela decorre a Declaração
dos Direitos Humanos que não é obra de doutores
em leis, sociólogos e políticos. Está toda
inteira no Sermão da Montanha. O resto são construções
literárias dos homens.
Não há parabéns sem prendas, em dia de aniversário.
Os Magos levaram ao Menino nascido na gruta, ouro, incenso e
mirra, produtos que simbolizavam as suas riquezas e felicitações.
Nos 2000 anos que oferecer? Primeiro que tudo, a abertura do
coração para receber a sua Mensagem. Depois o desejo
de a comunicar. Em terceiro lugar, a disponibilidade quotidiana
para que o Amor seja uma realidade efectiva nos homens e nas
mulheres, nas comunidades, nos povos e nas nações.
Estas são as prendas que podem destruir os muros do ódio,
da incompreensão, do individualismo, da ganância,
da inveja, da guerra, da intolerância e do fosso cada vez
maior entre ricos e pobres.
Depois dos Anjos, foram os pastores os privilegiados da notícia
do nascimento do Menino. Entre os judeus, os pastores eram considerados
marginais. E nem sequer se lhes reconhecia o direito de irem
fazer depoimentos nos tribunais. A sua palavra não era
válida. No entanto, como pobres que eram, tiveram o privilégio
de serem os primeiros a receber a grande novidade.
A preferência pelos pobres é uma constante nos Evangelhos
e na acção de Jesus. O Vaticano II renovou-a. No
ano 2000 - que ironia - 20 por cento da população
mundial controla 80 por cento de toda a riqueza produzida na
Terra. Os 225 habitantes mais ricos do planeta têm tanto
dinheiro como os 2500 milhões de habitantes mais pobres.
As três pessoas mais ricas do mundo possuem tanto como
os 48 países mais subdesenvolvidos.
Em Portugal, há mais de dois milhões de pobres,
80 por cento dos quais são idosos e pensionistas ou empregados
que recebem baixos salários.
E o Menino veio anunciar a dignidade igual para todos os homens.
E o direito à aspiração de todas as suas
necessidades básicas.
Fazer votos é também um hábito nos aniversários.
Que votos para o Menino-Deus? Só um: que estes 2000 anos
façam sentir a cada homem que o Natal é todos os
dias e não apenas um dia por ano. Para que o mundo abra
de vez os ouvidos ao cântico da gruta de Belém:
"Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens
que Ele ama".
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