De mãos dadas por Timor
Festa de Natal na ANIL angaria fundos para Laleia

Laleia é a vila timorense que viu nascer e crescer Xanana Gusmão. Foi também a primeira a ser massacrada pelos indonésios. Agora, assiste a um projecto de geminação na Covilhã, que deu os primeiros passos com a apresentação da exposição "Covilhã e Laleia estão de mãos dadas por Timor". A inauguração decorreu na última sexta-feira na ANIL. O objectivo é angariar fundos e construir um pavilhão multiusos

 Por Patrícia Caetano

 

 

Cerca de mil crianças do concelho
estiveram presentes
na festa de Natal a favor de Laleia

Doces, compotas, postais de natal, cabazes, rifas, quadros e objectos decorativos foram alguns dos presentes fabricados por crianças das escolas da Covilhã. No final, reuniu-se a obra na exposição "Covilhã e Laleia estão de mãos dadas por Timor", inaugurada na passada sexta-feira, 15 de Dezembro. A iniciativa partiu da Associação Comercial da Covilhã, Belmonte e Penamacor, que realizou uma festa de Natal para cerca de mil crianças, onde não faltaram palhaços, teatro, música e o esperado Pai Natal com os presentes. As crianças aderiram com grande entusiasmo a este projecto, desejando que "os meninos de Timor tenham muitas escolas, paz, alegria e felicidade", votos expressos por Andreia Afonso, 7 anos.
A festa prolongou-se pela noite for a, convidando os pais a assistir a um espectáculo onde não faltou a tradição timorense.

Um projecto objectivo

Em 1999, a professora Leonor Rosa da ME2 Pêro da Covilhã conheceu na Noruega Luís Ximenes Corte-Real, representante do CNRT em Oslo, que a convidou a participar numa Conferência de Protecção de Mulheres Timorenses. Aqui, contactou com diversas personalidades, entre as quais Zenilda Gusmão, filha de Xanana Gusmão, a juíza brasileira Vera Duarte e o maestro Luís Cipriano.
Nessa conferência foram discutidos problemas relacionados com a violação dos direitos das mulheres pelos indonésios, descrevendo "horrores" como violação e tortura física e psicológica, conforme relata a professora Leonor Rosa.
Em Junho desse mesmo ano, Zenilda Gusmão e Luís Corte-Real visitaram as escolas covilhanenses e inauguraram simbolicamente uma rua intitulada "Timor". Passado um mês, formou-se a associação, destinada a angariar fundos para Laleia, a vila timorense onde nasceu o líder Xanana Gusmão e onde se deu o primeiro massacre pelos indonésios.
"As pessoas estão fartas de dar dinheiro de que não sabem qual vai ser o destino". Foi com o levantamento deste problema que, segundo Leonor Rosa, se impôs a necessidade de criar um projecto "objectivo, concreto, preciso".

Dinheiro seguro

Isabel Fael, Leonor Rosa e Miguel Bernardo coordenaram o projecto de geminação, baseados num levantamento das necessidades reais da vila timorense.
Alguns empresários covilhanenses prometeram estágios para profissionalizar timorenses em diversos sectores de produção como, por exemplo, o ramo automóvel. Outros ofereceram alguns bens, como é o caso da empresa Afonso Gomes, que disponibilizou 600 fardas para crianças.
Simultaneamente, foi aberta uma conta no Banco Espírito Santo (BES), Conta Solidariedade Covilhã-Laleia, nº 210 35772 000.8, a que não podem ser feitos quaisquer movimentos e cujo propósito se cinge ao pagamento das empresas que são seleccionadas para construir o que for preciso em Laleia. Segundo Isabel Fael, este método é "uma forma de não haver desvios nem por nós, nem em Laleia".

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