Covilhanenses preferem as grandes superfícies comerciais
Feliz Natal e um próspero negócio

A uma semana do dia de Natal, a azáfama das compras só agora começa a atingir o seu auge. Vestidas a preceito, com mais ou menos rigor, as montras procuram seduzir os transeuntes, num convite explícito ao consumo. Mas o mau tempo e as obras a decorrer na Praça do Município não convidam ao passeio. Também por isso, os covilhanenses optam pelas grandes superfícies, onde o conforto se alia a uma oferta cada vez mais diversificada

 Por Catarina Moura

Os corredores dos centros comerciais estiveram apinhados durante todo o fim-de-semana

Sábado à tarde. As ruas lamacentas do centro da cidade, onde a decoração de Natal quase desaparece no nevoeiro e na confusão provocada pelas obras, estão quase desertas. As lojas abriram todo o dia e os clientes foram aparecendo, aproveitando para fazer já algumas compras para o Natal, mas os comerciantes são unânimes ao afirmar que o ano passado, por esta altura, já se tinha vendido muito mais. A quadra natalícia é uma época muito forte para o comércio e as obras, embora consideradas necessárias, vieram "desrespeitar" o calendário comercial, de acordo com a Associação Empresarial dos Concelhos da Covilhã, Belmonte e Penamacor. A falta de sinalética apropriada e o consequente caos alia-se à falta de estacionamento para afastar os consumidores das casas comerciais da zona central da Covilhã, o que se poderá traduzir num prejuízo geral de várias centenas de contos.

Ruas desertas, corredores apinhados

Além das obras, o mau tempo é outro dos factores que tem levado os covilhanenses a refugiar-se nas grandes superfícies comerciais, onde o conforto se alia a uma oferta cada vez mais diversificada. E é assim que, durante todo o fim-de-semana, às ruas desertas se contrapõem os corredores apinhados do Sporting Shopping Center, onde não se encontra nenhuma loja vazia. Também na zona da Estação de Caminhos de Ferro, onde as obras não são desculpa mas o mau tempo é o mesmo, o Centro Comercial da Estação e o novo Estrela Shopping Center são refúgio de várias dezenas de covilhanenses. Apesar de o novo centro atrair pela novidade, o antigo faz parte de um roteiro que o hábito torna difícil de abandonar. Ana Margarida Silva é co-proprietária da Tabacaria CCE, que tem agora uma segunda loja no Estrela. "Por enquanto temos poucos clientes. Embora o nosso outro estabelecimento seja muito mais pequeno e tenha menos oferta, muitos dos nossos clientes também cá vêm mas dizem que estão muito mais habituados a ir além", refere.
Contrariando esta tendência, Elsa Carrola, empregada de balcão de outra das lojas do novo centro, afirma estar a ter uma óptima receptividade. "O mesmo movimento que tem aquele centro tem este. Não nos prejudica estarmos tão próximos porque a oferta é diferente", afirma.
Mas é o hipermercado Modelo que mais tem lucrado com a época, pela oferta diversificada que concentra num mesmo espaço e pelos preços que pratica.

"Furor consumista"

Roupa e calçado, bijuteria e objectos decorativos, perfumes e telemóveis, livros e CD's, nada escapa ao "furor consumista" cada vez mais característico da época. O Natal, além de festa religiosa e familiar, é também sinónimo de lucro e negócio. Conscientes disso, os comerciantes procuram adaptar o melhor possível a sua oferta às necessidades dos consumidores. Nos grandes hipermercados abundam os brinquedos, porque o Natal ainda é das crianças. Nas confeitarias, Bolo Rei, sonhos, fritos, filhós e todo o tipo de doçaria típica enchem as prateleiras e o olhar. E nas lojas de decoração surgem os mais diversos enfeites que a quadra exige, nomeadamente fitas, bolas, anjos, estrelas e presépios mais ou menos exuberantes, indispensáveis a qualquer árvore de Natal. Árvores estas que se preferem artificiais, pela sua durabilidade.
A uma semana do dia de Natal, a azáfama das compras está a atingir o seu auge. Por enquanto mais a ver que a comprar, os covilhanenses vão seleccionando lojas, objectos e preços, fazendo antecipar a agitação dos dias 23 e 24 de Dezembro. Atendendo a essa tendência para as compras de última hora, as lojas vão abrir sábado e domingo todo o dia.

  

INQUÉRITO
Obras no Pelourinho prejudicam compras de Natal

por Catarina Moura
      e Pedro Costa

1. O que gosta de receber no Natal?

2. E de oferecer?

3. Sente que as obras no Pelourinho vão condicionar as suas compras?

Maria Isabel da Costa Ismael
38 anos, docente de Química

"Foi uma altura péssima para começarem estas obras"

1. Tudo. Coisas boas, claro. Sobretudo coisas úteis.

2.
Normalmente dou utilidades, coisas que sirvam para alguma coisa. Fujo um bocado aos bibelots.

3.
As obras condicionam bastante, de tal maneira que acabei por fazer as minhas compras em Lisboa. O estacionamento é horrível. Para chegar a casa agora tenho que dar a volta à Covilhã e por vezes vou tão distraída que me engano e quase saio da cidade. Foi uma altura péssima para começar estas obras, mas acho que tinha de ser.

António Tomé
37 anos, docente de Física
"Já não vou ao centro"

1. Isso agora… Eu já deixei de ser criancinha há muito tempo! Honestamente, não gosto de receber prendas. O ano passado recebi porque foi o ano em que casei e a minha esposa lá insistiu. Mas há muito tempo que deixei de receber prendas. Só costumo dar.

2. Depende. Às criancinhas gosto muito de dar chocolates. Quando passam dos 12 anos, gosto de dar dinheiro porque é o que elas querem. Aos adultos não costumo dar. Se bem que à minha mãe gosto de oferecer umas bebidinhas, porque ela gosta muito!

3. A última vez que tentei ir ao centro não me deixaram passar com o carro. Por isso não vou até lá.

Anabela Machado
21 anos, estudante do 4º ano de Ciências da Comunicação
"O Pelourinho parece um labirinto"

1. Gosto de receber coisas úteis, que tenham utilidade para mim.

2. Oferecer é mais complicado… Normalmente ofereço roupa às pessoas mais chegadas.

3. Atrapalham muito. Que horror! Primeiro porque sujo os sapatos todos, a andar de um lado para o outro. Aquilo parece um labirinto e nunca sei muito bem por onde ir para chegar a uma loja. Os Centros Comerciais têm a vantagem de oferecer muito mais por onde escolher. A pessoa entra, tem várias lojas e pode comprar tudo ali.

Marco Oliveira
26 anos, estudante do 5º ano de Matemática / Informática
"As obras estão a dividir a cidade"

1. Amor (risos). Amor e amizade, convívio.

2. Amor. Neste momento estou a atravessar uma fase muito boa porque estou apaixonado e por isso é tudo assim: amor, amor e amor! Só vou fazer uma compra, em função da paixão que estou a viver. Vou comprar um perfume, o Ele e Ela do Armani.

3. Sim. Lama, água, percursos confusos e mal identificados, … Sinto que estas obras estão a dividir a cidade em duas, a parte da PSP e a parte da Rua Direita. As pessoas não atravessam esta barreira.

Maria João Morgado
66 anos, Assistente Administrativa Especialista
"Um dia destes vi-me aflita
para passar de um lado para o outro"

1. Se vos falar com franqueza, ficam decepcionados de certeza. Detesto o Natal! Sobretudo de há uns anos para cá. Já partiu tanta gente que agora é uma tristeza. Gosto de estar com os meus filhos, o meu neto, a minha nora e a família mais chegada. No fundo é isso que gosto de receber, a família.

2. Gosto de oferecer o que eles precisam. E carinho.

3. Se condicionam! Um dia destes vi-me aflita para passar de um lado para o outro. Nem percebia como havia de o fazer.

Joaquim Silva
42 anos, Encarregado de Pessoal Auxiliar
"O Natal não me diz nada"

1. Gostava de receber um carro. Mas o natal não me diz nada…

2. O Natal entristece-me muito, sabe… Há pessoas que, nesta altura, vibram com as compras, andam eufóricas pela rua, a ver, a comprar… eu é o oposto, por isso não faço compras. Não saio de casa. Entristece-me. Não sei porquê, mas é assim.

3. As obras estão a perturbar porque causam demasiada confusão. Problemas de estacionamento, sobretudo… Há lojinhas ali no centro onde até se encontram coisinhas mais engraçadas, com a vantagem de o atendimento ser mais personalizado, mas as obras levam as pessoas aos centros comerciais, sobretudo aos mais periféricos, onde podemos estacionar onde queremos e temos tudo à mão.

 

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