Edward Hooper
 

          

Os Silêncios da América

As pinturas de Hopper transportam-nos à América dos anos trinta e quarenta. Esta não é, porém, um país perturbado pela televisão e pela euforia, mas dominado por silêncios e indiferenças, pela solidão e por tranquilas paisagens. Distante da América da "fast food", do "rock and roll", da aceleração brutal da modernidade.
Casas de imitação vitoriana, cidades pequenas, barcos e faróis, estradas sem automóveis, motéis à beira da estrada, manhãs tranquilas, noites pasmadas, compõem o repertório de uma pintura figurativa, que não se prende em pormenores nem apela a emoções. Apenas as cenas interiores, vistas de uma rua qualquer, retratos de pessoas em irremediável solidão, mesmo quando acompanhadas, causam uma certa opressão. Olhamos para as personagens e elas parecem sentir a nossa presença, embora indiferentemente.
Nascido em 1882 a alguns quilómetros de Nova Iorque, a tradição protestante e puritana da costa leste marcam definitivamente a postura existencial de Edward Hooper. Longe da boémia característica dos artistas, leva uma vida recatada e distante da multidão.
A estadia em Paris durante alguns anos incutiu-lhe o espírito impressionista que manteve até ao fim da vida, persistindo indiferente a todos os movimentos artísticos emergentes na sua época. Deixa-nos assim uma América desconhecida, de formas simples e harmoniosas, que apenas a sua obra nos deixa conhecer.


por Ana Maria Fonseca

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