Urbi @ Orbi - "Associação
para a Cidade" tem sido sempre anunciado como projecto prioritário
da Associação Académica da Universidade
da Beira Interior (AAUBI), desde que foi eleito presidente, em
23 de Maio de 2000. O que significa exactamente essa ideia e
o que tem sido feito para a concretizar?
Jorge Jacinto - Um dos grandes projectos que acalentamos
actualmente é a dinamização e divulgação
da sede da AAUBI. O programa da Recepção ao Caloiro
foi inclusivamente criado a pensar nisso, pois é nosso
objectivo acabar de uma vez por todas com a existência
das duas cidades, a cidade universitária e a cidade da
Covilhã sugerindo uma interligação entre
ambas. No entanto, sentimos que não conseguimos. Decidimos
então apostar no projecto "Associação
para a Cidade", que conta com alguns passos ainda não
concretizáveis, pois envolvem grandes fatias de dinheiro.
Neste âmbito, pensámos em distribuir panfletos pelas
caixas do correio, dando informações importantes
sobre acontecimentos na AAUBI. Estamos também a contactar
vários grupos de Teatro Infantil com o intuito de apresentar
algumas peças às Escolas Primárias da Covilhã.
Por outro lado, queremos organizar um torneio desportivo entre
as várias associações da cidade e vamos
promover o Fórum Associativismo.
U@O - De que forma a realização
deste Fórum se relaciona com os vossos objectivos?
JJ - O Fórum Associativismo tem
sido organizado pela Câmara Municipal da Covilhã.
No entanto, este ano a AAUBI pretende fazê-lo, mais uma
vez com o objectivo de interligar as duas cidades. O Fórum
reúne convidados ilustres. Ainda não posso avançar
nomes, pois muitos não estão confirmados, mas contamos
ter presente o Secretário de Estado da Juventude.
U@O - Outro Fórum
que organizam é o da Acção Social
JJ - Sim. Mas esse é diferente.
O Fórum da Acção Social não é
mais que reuniões de trabalho realizadas a nível
nacional, onde estão presentes várias Associações
de Estudantes. Na mesa esteve agora a discussão sobre
o Apoio ao Estudante, embora não se tenha decidido nada.
Acaba por ser uma incógnita para muita gente e para nós
também. A próxima reunião será marcada
em Janeiro.
"Este Campeonato é
muito prestigiante para a UBI"
U@O - Uma das grandes polémicas
dos últimos tempos está relacionada com o Campeonato
Mundial Universitário de Andebol, devido à não
divulgação atempada da necessidade de retirar os
alunos das Residências Universitárias. Qual a posição
da AAUBI a esse respeito?
JJ - Há três anos atrás,
a AAUBI candidatou-se à organização deste
Mundial de Andebol. No entanto, acabou sendo uma outra comissão
a responsável pelo mesmo. Perante a grande falta de informação
que tem havido, a AAUBI tem apelado ao diálogo. Já
tiveram lugar várias reuniões com a presente Organização
e com várias comissões de residentes, estando este
problema completamente sanado. Claro que é necessário
apelar à compreensão dos alunos, para que aceitem
mudar de um sítio para outro durante o período
de duração do evento. Mas é muito prestigiante
para a Universidade da Beira Interior (UBI) ser palco de um Campeonato
do Mundo!
U@O - Também actual
e relacionada com as Residências está a questão
da criação de uma taxa sobre cada electrodoméstico
utilizado pelo aluno. A AAUBI já se posicionou sobre o
assunto?
JJ - Como é óbvio, estamos
em completo desacordo! Aliás, não quero deixar
de dar os parabéns a alguém com tanta imaginação
como o autor da ideia!
No dia em que soubemos deste caso, foi-nos dito que se tratava
apenas de um levantamento de informação por parte
dos Serviços de Acção Social, quando pelos
o objectivo era outro. Mas está fora de questão
a criação dessa taxa. Se alguém tem de dar
o braço a torcer, não seremos nós com certeza.
"Qualquer dia temos
ensino privado em vez de ensino público"
U@O - Permanecendo na actualidade, surgem algumas
questões. Uma delas remete para as eleições
para os Órgãos da Universidade. Qual o balanço?
JJ - É positivo. As eleições
decorreram com normalidade mas este ano a adesão foi superior.
Tivemos 939 votos, o que é muito bom comparado com anos
anteriores.
U@O - A discussão sobre a alteração
do Código de Praxe também marcou este primeiro
trimestre lectivo
JJ - Sempre fui a favor da remodelação
do Código de Praxe, no sentido de haver uma passagem de
um vazio total para a existência real de um Código.
No entanto, ainda não sei se este será o ideal.
A AAUBI assume o compromisso de distribuir cópias do novo
Código de Praxe a todos os colegas no próximo ano,
esperando que isso simbolize o início de um novo ciclo
em matéria de praxes.
U@O - Outra das questões mencionadas prende-se
com controvérsia gerada pela aplicação do
novo calendário escolar. Qual a posição
assumida pela AAUBI?
JJ - No início do ano, fomos todos
apanhados de surpresa com o novo Calendário, mas prefiro
não me pronunciar ainda acerca do assunto. O melhor é
esperar para ver se funciona ou não. No entanto, continua
a dividir opiniões: as Engenharias e as Ciências
Exactas estão a favor, as Artes e Letras e as Ciências
Sociais e Humanas estão contra.
U@O - Não tão actual mas incontornável
é o problema das propinas, que tem sido tema de muitas
das faixas negras que a AAUBI tem erguido na instituição.
A luta continua?
JJ - Sempre! Mas esta questão merece
factos: o aluno é chamado a pagar as propinas e cumpre
a lei ao fazê-lo. Logo, o Estado deveria investir este
dinheiro na qualidade do ensino, mas isto não é
cumprido. No ano em que as propinas entraram em vigor, o Estado
fez um investimento inferior a 10 milhões de contos, o
correspondente ao dinheiro das propinas. Não me venham
dizer que o Estado está a cumprir a lei! Isto é
uma aberração, qualquer dia temos um ensino privado
em vez do ensino público!
"As coisas na Covilhã
vivem-se de quatro em quatro anos"
U@O - Este ano está marcado por um decréscimo
no número de alunos inscritos na UBI. A que pensa poder
atribuir-se essa tendência?
JJ - Este problema passa essencialmente
pela pouca informação ou falta de publicidade,
que é algo que na verdade não temos. Mas também
devemos responsabilizar as políticas do Ministério
da Educação, pois tem havido um claro desinvestimento.
O Secretário de Estado só pode estar a brincar
connosco! Os cursos de Português / Espanhol e Português
/ Inglês estavam previstos para a UBI, que investiu nisso,
e depois vão abrir a Castelo Branco? Mas, infelizmente,
não é tudo. Os acessos para a Covilhã são
péssimos e continuamos à espera do túnel,
que nunca mais é acabado. Algo incompreensível
se tivermos em conta que o corpo de ministros é maioritariamente
natural da Covilhã. Já nem se pedem favores por
motivos como a região ou a amizade, apenas justiça.
É triste mas as coisas na Covilhã vivem-se de quatro
em quatro anos
U@O - Diagnosticadas as causas, quais as soluções?
Ou seja, que pode ser feito para incentivar os jovens a vir estudar
para a UBI?
JJ - Este incentivo passa obrigatoriamente
por disponibilizar mais e melhor informação. É
preciso levantar algumas bandeiras, sendo a primeira a da qualidade
do ensino. Há cerca de três anos atrás, a
Engenharia Civil da UBI não era reconhecida. Chegava mesmo
a ler-se nos jornais "Necessitam-se Engenheiros Civis, excepto
UBI". Recentemente, o Bastonário da Ordem dos Engenheiros
afirma que "se frequentasse agora o curso de Engenharia
Civil, fá-lo-ia na UBI". Ou seja, passámos
de "zeros à esquerda" a primeiros. Os cursos
de Física Aplicada e Engenharia Aeronáutica são
referências a nível nacional e nos cursos de ensino
não há ninguém no desemprego. E há
também que sublinhar que estudar na UBI implica ter uma
qualidade de vida superior à média, pois não
temos o stress e a poluição das grandes cidades.
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