Biscaia quer Covilhã
na AMCB |
Perfil
Aos 50 anos
de idade, José Manuel Custódia Biscaia é
o sucessor de António Dias Rocha na presidência
da Associação de Municípios da Cova da Beira
(AMCB). Licenciado em Sociologia e Administração
de Empresas pela Universidade de Évora, casado e pai de
um rapaz e uma rapariga, entrou no mundo da política "imediatamente
a seguir ao 25 de Abril. Comandava-o, então, "a vontade
de contribuir para que Portugal mudasse".
À frente da autarquia de Manteigas, "a vila mais
linda da Serra da Estrela", está há sete anos.
Eleito nas fileiras do PSD pelo segundo mandato consecutivo,
Biscaia acredita que a vila, "pela condição
de município mais pequeno da AMCB", não entra
em concorrência com ninguém e está, por isso,
altamente bem colocado para representar todos de uma forma isenta.
A dimensão do município não preocupa o presidente,
a não ser pelas complicações que traz em
termos de desertificação humana. Agora ainda há
três mil eleitores, no futuro o autarca espera que, pelo
menos, não sejam menos. Para isso, assegura, é
preciso gerir a edilidade "com muita imaginação":
"Optimizar a qualidade de vida, de forma a agarrar a população
é o objectivo que rege esta gestão municipal".
Mas o progresso custa a chegar aos "enclaves" serranos
e "os deputados têm uma visão demasiado longínqua
de toda esta área", por isso José Manuel Biscaia
deixa o recado: "A nossa indústria de lanifícios
deu ao País muito do que ele tem de bom em termos de desenvolvimento.
Espero, por isso, que a falta de solidariedade que hoje se verifica
tenha um fim próximo e que Portugal não continue
a esquecer-se de nós". |
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A partir de 2001
Central de Compostagem trata
65 toneladas de lixo por ano
Por
Sérgio Felizardo
NC/Urbi et Orbi
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O novo presidente da Associação
de Municípios da Cova da Beira defende que a união
intermunicipal é a melhor forma de beneficiar toda a região.
Em entrevista ao NC, José Manuel Biscaia reconhece que
sem a Covilhã como associada "o lobby perde peso".
Notícias da Covilhã
- No final do mês de Novembro tomou posse como presidente
do Conselho de Administração da Associação
de Municípios da Cova da Beira (AMCB). Com que linhas
se vai coser o seu mandato?
José Manuel Biscaia -
A Associação de Municípios tem um projecto
em marcha que está dividido em dois pontos essenciais
e que tem por base a concretização do nosso objectivo
principal: fazer o tratamento dos resíduos sólidos
urbanos dos associados.
Este Conselho de Administração quer, por isso,
completar este ciclo. Isso implica terminar a montagem da maquinaria
da Central de Compostagem propriamente dita, em princípio,
até ao final do primeiro trimestre de 2001. Em Abril prevemos
dar início à transformação dos resíduos
em composto, para, em Maio, o termos já comercializado.
NC - É a Associação que vai fazer a comercialização?
J. M. B. - Não. É responsabilidade da empresa
concessionária.
NC - O processo não deveria estar concluído
ainda em 2000?
J. M. B. - Quando lançámos o projecto do aterro
sanitário controlado da Quinta das Areias, mais conhecido
como Central de Compostagem, numa primeira fase era destinado
a seis municípios. Os quatro fundadores mais Manteigas
e Sabugal. Posteriormente entendeu-se que a AMCB deveria ser
alargada aos municípios da ECORRAIA e entraram oito novos
associados.
Com seis membros iríamos ter cerca de 50 mil toneladas
por ano de resíduos para tratar, agora apontamos para
as 65 mil toneladas.
NC - É essa a causa do atraso?
J. M. B - É evidente que tivemos de reprogramar todo
o processo. Quer em termos da deposição, como do
tratamento e mesmo do composto que vamos produzir.
Não se pode esquecer que, para além da deposição
controlada, a nossa intervenção inclui a selagem
de lixeiras. Mais uma grande vertente que teve de ser repensada
de forma a actuarmos também nos municípios da Guarda,
não apenas a nível da selagem, mas do transporte
dos resíduos para o futuro aterro.
Triagem poupa aterro
NC - Para que a Central, e tudo o que ela implica, funcione é
necessário, primeiro, por exemplo, separar os diferentes
tipos de lixos. O projecto da AMCB contempla essa necessidade?
J. M. B. - É evidente que não interessa só
fazer a deposição de resíduos e o tratamento
em composto. Por isso preconizámos a instalação
de ecopontos em todos os concelhos associados, ecocentros, onde
serão feitas as deposições intercalares
e estações de transferência.
Isto vai permitir a recolha diferenciada e indiferenciada de
resíduos, bem como o seu acondicionamento antes do tratamento.
O que permite a optimização de todo o sistema de
transporte e deposição e evita que os municípios
todos os dias se desloquem à Quinta das Areias. Até
porque as quantidades, principalmente nas localidades mais pequenas,
não o justificam.
NC - Vão acrescentar uma Estação de Triagem
ao projecto da Central de Compostagem como anunciou no dia em
que tomou posse?
J. M. B. - Claro. É cada vez mais importante que haja
uma triagem total porque, apesar dos ecopontos, há ainda
muita matéria que vai misturada e interessa separar. Mesmo
com o aterro sanitário a funcionar, convém mantê-lo
capaz pelo maior número de anos possível. Quanto
menos depositarmos mais nos aproximamos desse objectivo.
NC - Estas obras de complemento (ecocentros, estações
de transferência e triagem) vão ser executadas pelo
mesmo consórcio que está encarregue da Central?
J. M. B. - Não. Temos concursos internacionais abertos,
de forma a que, depois, possamos dizer às câmaras,
que podemos fazer a recolha, a deposição intercalar
e fornecer o material circulante.
Assim, as autarquias não têm de se preocupar com
o andamento do processo. Apenas precisam de liquidar as despesas.
NC - Quantas lixeiras há ainda por selar?
J. M. B. - Faltam as da zona da ECORRAIA, onde apenas acabámos
com a maior, que era a da Guarda. Também aqui temos concurso
aberto para as restantes.
NC - Quanto é que o III Quadro Comunitário de
Apoio destina à Associação de Municípios
para este sector?
J. M. B. - É uma soma que ronda os três milhões
e 300 mil contos, destinada ao aprimoramento das actuais infra-estruturas
e às tais obras de complemento que atrás referi.
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