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José Saramago
A Caverna |
A Caverna é mais uma obra
de José Saramago que nos mostra a sua visão do
mundo e do homem. à semelhança do Ensaio sobre
a Cegueira e Todos os Nomes, esta obra é um retrato nu
e cru da sociedade actual.
A figura central da obra é o centro comercial, símbolo
da nossa cultura consumista. "As grandes superfícies
comerciais são o que mais se parece com uma caverna. Não
têm janelas, é um espaço completamente fechado,
que provoca a ilusão do contrário", justifica
o autor a sua escolha.
Inspirada na Alegoria da Caverna, de Platão, esta obra
é a história de Cipriano Algor, de 64 anos, Marçal
Gacho, de 30 anos, Marta, filha do primeiro e esposa do segundo,
Isaura Isasca, uma viúva por quem Cipriano se apaixona,
e o cão Achado.
Cipriano Algor, oleiro de profissão, assiste ao fim da
sua carreira. Marçal Gacho, genro de Cipriano e guarda
do centro comercial, é congratulado com uma promoção
cheia de ilusões. É o protótipo de trabalhador
incansável.
São vidas simples que são amplificadas pelo escritor
para mostrar que as coisas simples da vida como o amassar do
barro ou a pacata vida no campo estão a ser engolidas
por um centro comercial de 58 andares, onde a imitação
vale mais que o original. Neste centro comercial encontramos
todas as comodidades, as pessoas não precisam sair desse
pequeno universo. No final da história, o leitor apercebe-se
que a verdadeira caverna de Platão jaz sob esse edifício.
O livro cativa pela sua actualidade, propondo uma reflexão
sobre a vida que o homem das sociedades modernas leva. Para o
autor, a massificação que caracteriza a sociedade
actual não conduz ao conhecimento. Mas como é que
podemos sair desta caverna escura (centro comercial)? A única
via será através do diálogo, da discussão,
da reflexão.
Na Alegoria da Caverna de Platão existem seres humanos
prisioneiros numa caverna escura onde apenas podem olhar em frente
e ver o movimento de sombras projectadas na parede. Para eles,
a realidade é apenas isso. Porém alguns desses
homens escapam das correntes e saiem da caverna. Quando regressam
para contar aos outros que continuam prisioneiros o que viram
lá fora, os prisioneiros ignoram-nos e ainda os acusam
de mentirosos e loucos.
por
Marisa Miranda |
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