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Retrato sócio-cultural
"Museu do Pau Preto"
no TB
E ao nono dia do Festival
de Teatro da Covilhã, 30 de Novembro, quinta-feira, pelas
21.30h, foi a vez do auditório do Teatro das Beiras (TB)
aplaudir o Museu do Pau Preto e o "Regresso das Caravelas".
Por
Sandra Invêncio
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Racismo e xenofobia
é o tema da peça "Museu do Pau Preto"
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Se outrora a imigração
africana era efectuada através de caravelas, hoje o avião
é o meio mais utilizado, mas a realidade acaba por ser
a mesma: "As dificuldades dos africanos em Portugal continuam,
como há cinco séculos atrás, têm é
outros nomes e outros números", afirma Miguel Hurst,
encenador e intérprete desta peça, e também
já conhecido do público português através
do pequeno écran.
Duas gerações, uma mais antiga e outra mais jovem,
ambas imigradas em Lisboa, tentam sobreviver num País
que não lhes pertence. Uma hospedeira que persegue um
indivíduo ilegalmente instalado em Portugal. Um velho
feiticeiro que mesmo cego tudo vê e nos fala da lua e do
tempo. Um jovem recém-chegado a Lisboa que, de forma cruel,
é burlado pelo chamado "escritor público",
personagem interpretada pelo encenador. O "filósofo",
professor que pretende regressar ao seu país desapontado
com os cinco anos de trabalhos pesados. Os jovens que, apesar
de tudo, continuam a dançar ao ritmo das suas músicas
tão características. Temas sérios, levados
à cena com algum de humor, e com interpretações
a cargo de Daniel Martinho, Mursá, Drahino, Miguel Hurst,
Carlos Correia, Dalton Borralho e Zézé Hurst. A
cenografia é de Adraão Tavares.
Quanto ao problema do racismo, Miguel Hurst considera que "o
mundo está mais tolerante, mas o racismo é algo
que nem daqui a cinco séculos vai parar". Defende
ainda que o texto da peça não retrata apenas "as
dificuldades, as frustrações e as felicidades de
um povo que veio viver para outro País, mas a presença
africana em Lisboa, em Portugal e na sua história; aquilo
que ela mudou para bem ou para mal".
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