Há quem
ache que um bom filme não carece, obrigatoriamente, de
uma boa história. Tal como um bom jantar não precisará
obrigatoriamente de um bom prato principal. Seja.
Se, contudo, na base de um bom filme encontrarmos uma história
muito bem escrita, então o cardápio está
bem encaminhado.
'Being John Malcovich' é um desses filmes. Um argumento
potentíssimo - uma estória original, bem desenvolvida,
bem trabalhada, com nuances inesperadas e com personagens psicologicamente
bem nutridas - e temos filme!
Como complemento para a refeição, é nos
colocada à frente uma tábua de aperitivos muito
coesa, com um John Cusack muito verosímil, uma Cameron
Diaz inacreditavelmente versátil (onde está a loura
burra?), uma Catherine Keener simplesmente d-e-l-i-c-i-o-s-a,
um Orson Bean (o patrão de Cusack) numa prestação
de encher o olho e last but certainly not least, John Malkovich
numa persona de si próprio, como que o chocolate de menta
do fim do repasto.
A execução da ementa poderia ser mais inovadora,
isto é, a realização prendeu-se um pouco
no rigor académico e não acompanhou por completo
a riqueza de paladar do texto - não estragando, no entanto,
um jantar a vários níveis notável. Bom apetite!
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