Mão Morta em entrevista
Luxúria, Canibalismo
e Performance
POR MARISA MIRANDA
Enquanto não chega "Primavera
de Destroços", com lançamento previsto pra
Março, os Mão Morta continuam a demonstrar toda
a sua potência nos espectáculos ao vivo. Em conversa
com o Urbi et Orbi, o vocalista Adolfo Luxúria Canibal
fala do novo trabalho, da mais recente menbro da banda e da vertigem
de subir ao palco.
Urbi @ Orbi - Terminaram as
gravações do novo álbum "Primavera
de destroços", em Vigo, no passado dia 4 de Novembro.
Como vai ser esse disco?
Adolfo Luxúria Canibal - É um disco que foge ao formato
conceptual que caracteriza todos os discos dos Mão Morta.
Estou verdadeiramente radiante com o próximo disco. É
o primeiro disco onde conseguimos um superlativo conjunto de
letras e músicas, o que normalmente não tem acontecido.
Finalmente as coisas casaram-se! "Primavera de Destroços"
é o disco com a melhor produção de todos
os trabalhos dos Mão Morta.
U @ O - Como correram as gravações?
ALC - Correram muito bem. Mas neste momento estamos
a passar por uma situação muito irritante que faz
com que as pessoas desesperem: as fitas do novo disco estão
presas em Espanha porque a Nortesul ainda não pagou o
estúdio.
U @ O - Quais as participações especiais neste
disco?
ALC - Vamos ter um contrabaixista que é professor
da escola de jazz no Porto, duas coristas que normalmente fazem
coros com Rui Veloso. Não me estou a lembrar de mais ninguém...
U @ O - José Mário
Branco, tal como previsto já não participa no disco?
ALC - De facto, José Mário Branco não
vai aparecer. Era uma ideia que queríamos concretizar
porque gostamos muito dele, e achávamos que tínhamos
um tema que é o que dá nome ao disco, onde ele
entrava muito bem em termos de arranjos de violinos e vocalização.
Mas infelizmente depois de tentarmos conciliar calendários
as coisas acabaram por se tornar inconciliáveis e avançamos
com o disco sem ele.
U @ O - Já estão
a experimentar músicas novas ao vivo. Qual tem sido a
resposta do público?
ALC - Estamos a experimentar uma música nova
já algum tempo e a reacção do público
está a ser muito boa. Os espectáculos dos Mão
Morta são uma actividade performativa. Há a entrega
a uma personagem principal que está em palco e há
um ambiente que é criado quer pela música quer
pela actuação dessa personagem.
U @ O - Marta Abreu é
o novo elemento da banda. Como está a ser a integração
dela na banda?
ALC - Com a Marta houve logo uma relação
de afinidade muito grande e ela integrou-se maravilhosamente
no grupo, apesar de ser uma integração muito recente.
Estamos muito contentes com ela.
U @ O - Como é que
define a relação do público com a banda
durante os espectáculos?
ALC - O espectáculo dos Mão Morta não
existe sem o público. Há uma relação
de causa/efeito, de comunhão que ou se cria ou então
a coisa não funciona. Ás vezes é preciso
picar para que essa reacção surja. E essa incógnita
é importante para a dinâmica do próprio concerto,
é importante saber se vai haver orgasmo, ejaculação
precoce ou guerra.
U @ O - O que é que
acha da candidatura de Manuel Vieira à Presidência
da República?
ALC - Eu não preciso de vender discos.
U @ O - Uma vez que neste
momento não está a viver em Portugal qual é
a imagem que tem sobre o nosso País?
ALC - Portugal passa por uma fase de grande cópia
anglo-saxónica ao nível de ideias mas diria que,
parafraseando Lenine é "uma doença infantil
da democracia burguesa".
U @ O - Defina os termos luxúria
e canibalismo.
ALC - Luxúria é prazer. Canibalismo é
prazer. Adolfo junta o útil ao agradável. |