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O edil covilhanense Carlos Pinto esteve presente na abertura do Encontro, tecendo algumas críticas à actuação da comunicação social


No primerio painel falou-se a identidade regional da Beira Interior


Jornalistas e docentes discutem a formação necessária


Barata Feyo critica a RTP




I Encontro de Órgãos de Comunicação Social da Beira Interior
O quarto poder em análise

POR RAQUEL FRAGATA

Os I Encontros de Órgãos de Comunicação Social da Beira Interior, iniciativa do Departamento de Comunicação e Artes da UBI, decorreram este fim de semana na cidade da Covilhã. Com a representação de quase todos os órgãos de comunicação social da região, entre rádios, televisões e jornais, traçaram-se cenários presentes e estratégias para o futuro.
Importante presença no Encontro foi a do secretário de Estado para a Comunicação Social, Arons de Carvalho, que, apesar de o programa não prever, fez questão de participar na Mesa Redonda que decorreu durante a tarde de São Martinho.


 
A Sala Multi-Meios do Grupo Instrução e Recreio do Rodrigo recebeu, sábado, dia 11 de Novembro, vários profissionais do jornalismo para debater algumas questões associadas ao exercício da profissão.
Temas como o papel dos media na defesa da identidade regional, a formação dos jornalistas e o futuro da comunicação social na Beira Interior foram debatidos na presença de quase duas centenas de assistentes. As comunicações foram feitas por figuras da região ligadas à Comunicação Social.

Formação académica ou de redacção

"Para quem preferir a liberdade à notoriedade ou ao dinheiro, o jornalismo local pode ser a melhor opção." Esta é a mensagem deixada aos alunos e profissionais do jornalismo pelo director do curso de Ciências da Comunicação da UBI, José Manuel Santos. Questionar a formação dos jornalistas e a preparação dada pelas universidades e politécnicos foi também um tema proposto pelo segundo painel.
A preparação académica e a experiência profissional são dois imperativos que se apresentam como necessárias ao exercício do jornalismo. Como complementar as lacunas de uma e outra foi o problema levantado para discussão.
João Canavilhas, director do Centro de Recrusos de Ensino e Aprendizagem (CREA) da UBI e licenciado em Comunicação Social, foi um dos intervenientes do painel. "Na classe não há a consciência da importância e da necessidade da formação. Não basta em termos teóricos fazer jornalismo para se ser jornalista. Para isso existem o Cenjor e as universidades, para dar cursos de formação a jornalistas sem formação nos órgãos de comunicação social", defende.
Paulo Pinheiro, da Rádio Cova da Beira, lamenta a não solicitação destes cursos pelas entidades empregadoras da região. "O ensino é um espaço de reflexão, aberto para acções de formação dirigidas a jornalistas e alunos." Paulo Pinheiro defende um complementaridade entre as duas experiências. "A formação deve ser contínua. Aprende-se dentro das universidades e politécnicos, mas isso não chega."
Para António Fidalgo, a boa preparação cultural, científica e tecnológica é uma função das universidades. "O futuro dos profissionais de comunicação está numa sólida formação na cultura e no pensamento", defende o professor de Ciências da Comunicação da UBI.

Quarto Poder

Num ponto todos estiveram de acordo: é importante unir esforços em defesa da região. Os Encontros serviram esse propósito ao juntar cidades e "bairros" em volta do mesmo interesse. Por várias vezes foi sublinhada a necessidade de aproximação de instituições de ensino na preparação da classe.
As relações do jornalista com o poder político continuam a ser uma das principais preocupações dos profissionais e do público. Diversas perspectivas foram abordadas sobre a difícil ligação entre "poderes".
"A Comunicação Social é uma estrutura empresarial, onde são omitidas polémicas com medo das pressões", factores que na opinião de João Morgado não contribuem para o sentido crítico das populações. "Existem cada vez mais cabeças para fazer vénias, e menos para pensar por si", critica o licenciado em Comunicação Social pela UBI e empresário na área.
Lima Garcia, do Instituto Politécnico da Guarda, afirma mesmo que, mais do que com o poder económico ou corporativo, o jornalista debate-se com o problema da ligação ao poder político. Outra face da questão é a discussão de poderes. João Ruivo, professor do Instituto Politécnico de Castelo Branco e director do suplemento do semanário albicastrense A Reconquista, Ensino Magazine, interpreta essa relação como uma luta pelo poder. "O palco regional é muito curto para ambas as forças. Ou será a emergência de uma nova classe política? Um perfil emergente, não estudado, dos jornalistas?", interroga.

Pinto muito crítico

O presidente da Câmara Municipal da Covilhã esteve presente na sessão de abertura dos Encontros. Um discurso inflamado e crítico face ao desempenho de alguns órgãos de Comunicação Social da região. "Julgo que num País onde está limitada a opinião, é raro encontar uma visão de largo espectro de todos os partidos políticos", afirmou. Carlos Pinto manifestou desagrado face a "uma visão majestática ou fragilizada em relação a algumas instituições" referindo-se à necessidade de independência do jornalista face ao poder económico e político.
O autarca referiu que a credibilidade deve ser afirmada sob pena do público incorrer numa leitura desconfiada. "Sem haver uma clarificação dos estatutos da comunicação social não haverá informação descondicionada", afirmou o edil covilhanense.

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