CCBI concorre ao Prémio
Jovem Cineasta
Cinanima mostra filmes
da Beira Interior
POR RAQUEL FRAGATA
O Cine Clube da Beira
Interior (CCBI) esteve representado na 24ª edição
do Cinanima, festival de Cinema de Animação de
Espinho, com dois trabalhos em concurso para o Prémio
colectivo de Jovem Cineasta Português. Os trabalhos foram
realizados por alunos de escolas da região com idades
entre os 12 e os 17 anos. Uma primeira viagem ao mundo do cinema
de animação despertou nestes jovens cineastas o
gosto pela Sétima Arte.
A viagem ao Norte começou
com alguma expectativa por parte dos alunos. Não esperavam
ser seleccionados para o concurso e ali estavam à espera
da decisão do júri. Dois filmes de animação,
"As aventuras do Papo Seco" e "O Troca Pintas",
são o resultado de uma iniciativa do CCBI com escolas
da Beira Interior. Com o objectivo de dar a conhecer e fomentar
o interesse pelo cinema de animação, o CCBI levou
a estas crianças um atelier onde foram desenvolvidas actividades
relacionadas com cinema, imagem e a criação de
brinquedos ópticos. Durante seis meses, cerca de 10 jovens
do Bairro da Alâmpada participaram nos ateliers e realizaram
o filme "As Aventuras do Super Papo Seco". A Escola
Básica 2+3 de Silvares recebeu bem esta actividade e,
durante três meses, os alunos conceberam e animaram "O
Troca Pintas", um gato preto perseguido e ameaçado
pelos cães do seu bairro. Com duração de
três minutos e oito segundos e de dois minutos e 27 segundos,
respectivamente, mas muito trabalho de preparação
anterior, estes jovens alunos conseguiram colocar as suas obras
numa secção competitiva de um festival internacional.
O fascínio pela animação
A alegria e compensação
por ali estarem atingiu o ponto alto quando viram a referência
às suas obras no catálogo do festival. "Foi
uma experiência óptima", afirma Vera Brás,
aluna de Silvares e argumentista de "O Troca Pintas".
Na sua escola este tipo de actividades não é muito
frequente. Para além do teatro, que fazem pela altura
do Natal, este "empurrão" extra-curricular foi
importante para os alunos da Escola Básica 2+3 de Silvares.
"Durante três meses, de Abril a Junho de 2000, foi
feita uma familiarização com o mundo da animação",
refere a orientadora do grupo, Joana Matos.
Tudo começou com algumas ideias e sugestões, mas
Vera tomou a seu cargo a tarefa de criar um argumento que depois
foi trabalhado em conjunto. "Pensei que uma história
com um conflito e uma vitória daria um bom argumento."
Vera Brás vê esta proposta do CCBI como uma forma
de aproximação ao mundo da animação.
"A animação é fascinante", afirma.
"Numa semana de trabalho mais intensivo os alunos fizeram
o argumento, os cenários, as personagens, e assim nasceu
o Troca Pintas", explica a orientadora do CCBI.
Vera e os seus colegas garantem que se iniciativas como esta
se repetirem na sua escola as participações serão
em muito maior número. "Aprendi tudo para se começar
a fazer um filme. Trabalhámos com a técnica de
recortes e aprendemos a animar personagens que nós criamos."
O gosto pelo cinema surgiu e já falam em repetir a aventura
da realização: "já tenho pensado em
estórias para outros filmes".
Para já não esperam ser os premiados, mas "foi
bom ter chegado ao festival".
Flávia de 12 anos, a mais nova do grupo, também
afirma ter gostado da experiência e principalmente da viagem.
"Gostei muito de ver os outros filmes, eram muito bons."
E até já escolheu um vencedor: ""O Inverno"
era muito lindo. Gostei mesmo muito."
Super herói alâmpadense
Ana Lobo de 13 anos, a mais nova
do grupo do Grupo Cultural do Bairro da Alâmpada, Covilhã,
conta a sua experiência e o processo de realização
de "As Aventuras do Super Papo Seco". "O Bruno
e o André começaram por escrever a história
para o guião. Depois todos juntos aperfeiçoamos
as ideias", explica. A tarefa mais complicada para estes
alunos de três escolas da cidade da Covilhã, Escola
nº3, Frei Heitor Pinto e Campos Melo, foi a concepção
dos cenários para esta curta metragem de animação.
A técnica utilizada foi a animação com plasticina
e os personagens são pães verdadeiros, materiais
que comportam algumas dificuldades de modelação.
"Os cenários demoraram muito tempo a fazer. Gostei
do trabalho e queria repetir, mas usando outra técnica."
Em relação à presença no festival
Cinanima, Ana Lobo e os seus colegas acreditam na qualidade do
seu filme e colocam a hipótese de vencer o Prémio
Jovem Cineasta. "Gostei muito dos outros filmes mas não
chegam aos calcanhares do nosso", afirma confiante. A euforia
chegou no momento em que era exibido o filme e a plateia repetia
"Super Papo Seco!". |