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Manuel Amarelo, doente recuperado, fundador e presidente do Centro de Alcoólicos Recuperados da Covilhã

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Conselhos saudáveis

Ainda há quem tenha conceitos errados acerca do álcool. "O álcool não aquece, não mata a sede, não alimenta, não dá força e nem abre o apetite. Estes falsos conceitos estão enraizados na nossa população e é preciso fazer alguma coisa para os mudar", explica a Dra. Maria Eugénia Calvário.
Para quem quer ter uma vida mais saudável, é essencial dizer não ao álcool. Especialmente se tiver menos de 17 anos, estiver grávida ou a amamentar, se conduzir e se for doente alcoólico tratado. A todos os adultos saudáveis e com mais de 18 anos de idade os médicos especialistas aconselham um copo de vinho ou cerveja em cada refeição, embora as mulheres devam beber apenas meio copo. Esta é a receita para ter um corpo são numa mente sã.



Centro de alcoólicos recuperados da Cova da Beira na Covilhã
Bebida maldita

POR ANABELA MACHADO

Desde novembro do ano passado que o centro de alcoólicos recuperados da Covilhã tratou 54 doentes. Esta associação constituída por doentes alcoólicos recuperados, pretende alertar com o seu testemunho para todos para os perigos que o álcool pode trazer á vida de cada um.

José Manuel Amarelo Correia, 45 anos, comerciante, é abstinente alcoólico há 16 meses. Foi alertado para a doença pelo seu médico de família e apesar de não se considerar alcoólico decidiu procurar ajuda. "Depois de consultar alguns médicos descobri o Centro de Alcoólicos Recuperados da Guarda, presidido pelo Carlos Alberto Brito - abstinente há 20 anos - e consegui um internamento em Coimbra", confessa.
O facto de estar muito motivado e de ter tomado por si próprio a iniciativa de tratamento já foi meio caminho andado para a recuperação. Ao passar pelo problema Manuel Amarelo viu que era preciso um centro destes na Covilhã. E tudo fez, e tem feito, para que o projecto avance. "Esta associação tem alguns problemas, mas o pior é a falta de uma carrinha para levar os doentes a Coimbra. Até agora tenho ido em carros particulares, mas fica muito caro", afirma preocupado.
Esta associação pretende ajudar os alcoólicos e as suas famílias e tem por lema: se nós conseguimos tu também consegues. A família tem um papel fundamental em todo o processo de tratamento. É a família e também os amigos que dão os primeiros sinais de alerta. "Informam a nossa associação do que se passa e nós abordamos o doente e tentámos motiva-lo para o tratamento. Mas este é um processo muito lento e por vezes até somos mal recebidos", diz Manuel Amarelo um pouco entristecido.

Estou motivado. E agora?

Sempre que o doente aceita a ajuda da associação esta acompanha-o ao Centro de Saúde da Covilhã para receber tratamento médico. Os doentes chegam ás consultas do Centro de Saúde, todas as quartas feiras, vindos dos mais diversos sítios e sempre acompanhados por alguém. "Quando aqui chega é feita uma primeira entrevista ao doente. Nesta entrevista vemos a informação clinica do doente e a partir daí avalia-se o seu estado, motivação e que tipo de terapia poderá ser feita", explica a Dra. Maria Eugénia Calvário, membro do conselho técnico da associação. A terapia pode ser feita de duas formas: ou por desintoxicação em ambulatório, ou por internamento (no hospital da região, no departamento de psiquiatria, ou no centro regional de alcoologia de Coimbra).
O internamento requer três semanas para o tratamento ser feito. Depois disso o doente é acompanhado nas consultas em grupo ou individuais, para os casos mais específicos.

Se se tratar não beba

Quando acabam o tratamento dão conta do estrago que fizeram na sua vida. "O doente que nos procura já está lá no fundo. Quando recupera precisa de ajuda para recomeçar. Nós tentamos arranjar-lhe fundos de subsistência, nomeadamente um emprego", afirma Manuel Amarelo, presidente da associação. O emprego é meio caminho andado para o doente não ter uma recaída. Mas "empregos há que revelam alguns riscos para os doentes recuperados, pois há um elevado consumo de álcool", clarifica a Dra. Maria Eugénia.
O alcoolismo não é um tabu, mas uma doença que pode ser tratada. Esta associação, considerada missionária do alcoolismo, existe para ajudar os mais desfavorecidos, aqueles que têm poucas possibilidades e não têm conhecimentos. Não tem tendências políticas, nem credo religioso. Está aberta a todos, desde que seja uma vida que necessite de ajuda para se salvar.

Use mas não abuse

Uma associação que não condena o uso, mas o abuso do álcool. Vê na prevenção a melhor forma de combater a doença. Assim, promove, juntamente com o Hospital e Centro de Saúde, acções de formação á comunidade em geral e ás escolas em particular. Pois é "nas escolas que se formam os homens do amanhã", diz a Dra. Maria Eugénia.
Apesar da doença afectar mais os homens que as mulheres é preciso tratá-la enquanto é tempo. O alcoolismo pode trazer consequências muito graves ao organismo, como sejam gastrites e cirroses hepáticas. As bebidas alcoólicas são também as responsáveis por grande número de acidentes de trabalho e de viação. Por isso é que "vale mais prevenir que morrer".






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