Seven é um filme brilhante,
mesmo que a atmosfera em que se desenrola seja feita de sombras
e penumbras. Mesmo que nos fale de medos, torturas e crimes.
E mesmo que a espessura das personagens se materialize em vultos
e assombrações.
Se há filmes muito, mesmo muito, próximos da perfeição,
este é um deles. Porque tem tudo o que precisa: um argumento
com (literalmente) princípio, meio e fim e personagens
bem delineadas e construídas; uma direcção
de fotografia com as tonalidades adequadas; uma realização
virtuosa e precisa e a noção exacta de ritmo narrativo;
um portentoso desempenho de Kevin Spacey. E ainda: acção,
mistério, filosofia, religião, prazer visual, violência,
excelentes diálogos. É arrebatador e perturbante.
É provocante e polémico.
Inaugurou um estilo, uma tendência. Tem um genérico
fabuloso (alguns minutos que são uma obra-prima dentro
do filme). E tem uma assinatura: David Fincher, o visionário
que ainda há pouco tempo nos deu outro filme para obrigar
a pensar: Fight Club. Algo mais a acrescentar? Apenas isto: é
uma das peças fundamentais para compreender o cinema dos
anos 90 e perceber as paixões e temores do virar do milénio.
Fundamental. |