Alunos devem mudar hábitos
de estudo
A sina dos números
POR NÉLIA SOUSA
Neste Ano Mundial da
Matemática os professores falam das dificuldades que têm
em ensinar uma disciplina que é adorada por uns e odiada
pela maioria. A falta de hábitos dos alunos é talvez
a grande causa do insucesso.
De entre as disciplinas leccionadas na escola, a Matemática
é aquela que goza de menos popularidade e a que dá
mais dores de cabeça aos estudantes. São números
e mais números que teimam em não produzir resultados
definitivos.
Na Covilhã essas dificuldades também se fazem sentir
graças ao ensino verificado em anos anteriores, afirma
Rui Costa, delegado do grupo de Matemática na escola Frei
Heitor Pinto. Para este professor, a Matemática tem uma
sequência, devendo ser acompanhada diariamente. Na maior
parte dos casos o insucesso passa, sobretudo, pela falta de hábitos
dos alunos que não praticam a Matemática em casa,
o que contribui, assim, para um aumento das dificuldades.
"Uma das razões está na dificuldade em atribuir
horários a professores mais qualificados e com mais experiência.
Por vezes, esses horários são entregues a professores
normalmente colocados em segunda ou terceira fases, o que pode
vir a trazer problemas porque os alunos devem ser acompanhados
por professores experientes desde os primeiros anos".-afirma
Diamantino Soeiro, coordenador do departamento de Matemática
da Escola Secundária Campos Melo.
Outra agravante é o número excessivo de alunos
numa sala de aula: "os 30 para que aponta o Ministério
é um número exagerado para se fazer um ensino eficiente
da Matemática" acrescenta aquele responsável.
Drama Familiar
Para o aluno menos simpatizante
da Matemática falar dela é falar num "bicho
de sete cabeças". Mas por vezes tais ideias são
preceitos incutidos pelos pais aos filhos.
Rui Costa e Diamantino Soeiro partilham a ideia de que o facto
do pai ter sido mau aluno ou ter tido dificuldades contribui
para esse desinteresse, pois o filho ao ouvir falar desta situação
começa logo a não gostar da Matemática.
"Estão a criar à partida um caminho para que
não sejam bons alunos a Matemática", diz Diamantino
Soeiro.
"As habilitações de alguns pais são
por vezes um entrave dado que os filhos não podem contar
com a sua ajuda para resolver determinados exercícios"
adianta ainda Rui Costa.
Matemática para Todos
Estes professores defendem que
a Matemática é um ramo que ajuda na vida prática,
e como tal deveria ser obrigatória em todas as áreas,
mas com programas e abordagens diferentes, consoante a área
em que o aluno se insere.
"Ainda que o aluno não queira seguir a via da matemática
é necessário que tenha uma cultura geral para que
não passe vergonhas como aquela do concorrente que não
sabia quanto era dez ao quadrado" refere estupefacto Diamantino
Soeiro, coordenador do departamento de Matemática.
Novos Métodos
Para que a Matemática
seja mais "cobiçada" é importante criar
novos métodos que estimulem o interesse do aluno para
a disciplina.
"Já se usam novos métodos no ensino da Matemática.
Tenta-se o mais possível além de outras técnicas,
torná-la o mais abstracta possível, ligando-a sempre
que possível com a realidade".- adianta professora
Emilia, Delegada de Matemática na Escola Básica
do 2º ciclo Pêro da Covilhã.
Por outro lado a relação entre professor e aluno
desempenha também um papel importante no despertar do
interesse do aluno.
Rui Costa defende que a Matemática deverá deixar
de ser unicamente expositiva dando lugar também à
descoberta: "É fundamental um método de trabalho
que ajude os alunos a descobrir por eles próprios através
de pesquisas e realização de trabalhos".
Na opinião destes professores cabe sobretudo ao Ministério
da Educação proporcionar meios para eliminar as
dificuldades e insucessos sentidos ao nível da Matemática.
Um Ano Positivo
No entender destes docentes o
Ano Mundial da Matemática tem-se revelado positivo. Realizaram-se
nas diversas escolas actividades que contaram com a participação
dos alunos e onde foram atribuídos prémios.
De 30 de Novembro a sete de Dezembro serão expostos todos
os trabalhos que se realizaram nas diferentes escolas, de Norte
a Sul do país, no Visionário em Santa Maria da
Feira.
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