Biblioteca Municipal da Covilhã
"Uma sala de estar
cultural"
- afirma a vereadora da Cultura
da Câmara Municipal, Maria do Rosário Pinto da Rocha
POR SÓNIA ALVES*
Novas instalações,
novas ofertas. A Biblioteca será um "espaço
dinâmico e inovador". A inauguração
está marcada para o próximo dia 20 e o ministro
da Cultura, José Sasportes, já confirmou a presença.
Após cinco meses de portas
encerradas, a nova Biblioteca Municipal está prestes a
abrir. O espaço, situado junto ao Eixo TCT, está
arquitectado com uma "filosofia diferente". A vereadora
com o pelouro da Cultura na Câmara Municipal da Covilhã,
Maria do Rosário Pinto da Rocha, classifica-o como um
"open-space", onde as pessoas, para além de
lerem, podem desfrutar de um lugar de convívio. "A
filosofia destas novas bibliotecas é de alguma forma diferente.
Procurou-se encontrar espaços dentro do edifício
que proporcionem, para além de alguma comodidade, um bem
estar, para que as pessoas possam desenvolver as suas actividades,
desde a leitura à investigação", explica
Maria do Rosário.
O edifício, de traços modernos, está pensado
para todas as camadas etárias. O principal objectivo da
nova estrutura prende-se com o despertar dos hábitos de
leitura dos covilhanenses e, para tal, a vereadora sustenta que
estão programadas "diversas actividades, para que
ir à biblioteca passe a ser uma prática corrente
das pessoas, desde a pré-primária à idade
adulta". Porque a Biblioteca tem que deixar de ser um espaço
estático, é necessário criar novas atracções.
Uma vídeoteca, uma bebeteca, uma sala do conto e um atelier
de expressão são algumas das novidades. A sala
do conto consiste na dramatização de um conto,
pelas professoras que levam os seus alunos ou pelo técnico
de biblioteca. No atelier de expressão os mais pequenos
vão poder dar asas à imaginação e
materializar os seus pensamentos através da pintura, por
exemplo. A bebeteca é uma das grandes apostas: "Será
uma sala onde os pais podem deixar as crianças por algumas
horas enquanto estão na Biblioteca", explica a vereadora.
Para tal, a autarquia pretende recrutar uma educadora de infância.
O pedido seguiu para o Centro Regional da Educação
mas "como já foi feito um pouco tarde, ainda não
obtivemos resposta", adianta a responsável.
O novo espaço é também constituído
por uma sala de conferências, com capacidade para 60 pessoas,
um bar, com esplanada no Verão, e uma sala de exposições.
A autarquia já entrou também em contacto com o
GICC-Teatro das Beiras e a Escola Profissional de Artes da Beira
Interior para que o teatro e a música passem a fazer parte
das actividades regulares da Biblioteca: "Por exemplo, um
dia por semana, poderíamos ter um concerto de música,
ou uma peça de teatro, como o "Auto da Índia"
que pode ser representado nas instalações".
Os leitores vão poder também encontrar novos exemplares,
alguns adquiridos pela autarquia e outros doados. As doações
foram feitas pela Associação dos Protectores de
Infância e pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Falta de recursos humanos
dificulta trabalho
A abertura ao público do edifício deverá
coincidir com a inauguração oficial, a acontecer
no próximo dia 20, feriado municipal. A cerimónia,
a ter lugar às 16 horas, conta com a presença do
ministro da Cultura, José Sasportes, e com a actuação
do Grupo dos Pequenos Cantores. A pintura de José Régio
tem a honra de inaugurar a sala de exposições.
As portas vão abrir mas, desde já, a Câmara
alerta para o facto de não abrir "a 100 por cento".
O trabalho de catalogação e informatização
ainda não está concluído. A vereadora explica:
"Esse trabalho nunca acaba. A Biblioteca antiga não
tinha capacidade para receber os novos livros porque não
havia espaço e, por isso, só começámos
a adquiri-los quando mudámos lá para baixo. Entretanto,
houve também algum atraso no sistema de informatização,
porque também só começou a ser feito no
novo edifício. Há também que realçar
que os técnicos também tiveram que receber formação
na área da informática".
A falta de recursos humanos é outro dos obstáculos
ao avanço do trabalho. Raul Rogério e Rosete Craveiro,
técnicos da Biblioteca, alertam que o edifício
"vai abrir com um número limitado de livros porque
somos muito poucos a trabalhar". E, dizem: "Como os
livros já ascendem aos quase 60 mil exemplares, o trabalho
é dificultado". A dificuldade em recrutar técnicos
é lamentada quer pela vereadora quer pelos actuais funcionários:
"Como há poucos locais de formação,
é difícil recrutar técnicos especializados".
Maria do Rosário faz um apelo à Universidade da
Beira Interior para pensar na especialização de
uma formação em Arquivo e Documentação.
Raul e Rosete, afirmam, que, apesar das dificuldades, "o
trabalho está a correr a um ritmo normal" mas lembram
também a complexidade do mesmo. "Um livro, desde
que seja recebido até chegar à estante passa por
um circuito muito vasto, desde registá-lo, carimbá-lo,
colar-lhe a fita magnética e classificá-lo",
explicam. Rosete adianta: "Por exemplo, a classificação
é bastante difícil porque um livro pode abordar
diversos temas e temos que descodificar qual é o predominante.
Por vezes, até temos que lê-lo na diagonal".
Raul Rogério lamenta ainda "as vozes críticas
que já se fizeram ouvir na cidade pelo facto da Biblioteca
estar fechada há cinco meses". E adianta: "Aqui
foram só cinco meses, mas em algumas do País chegaram
a estar fechadas um ano, durante o período de mudança
de local".
"Antiga Biblioteca era
limitada"
A autarquia está confiante no sucesso da obra, orçada
em cerca de 336 mil contos. A vereadora com o pelouro da Cultura
afirma que "se a população acarinhar a nova
Biblioteca, "tem ali um espaço de convívio
agradável, onde pode ir buscar não só os
livros para ler em casa, mas onde pode mesmo lê-los, confortavelmente".
Pretendemos que a Biblioteca se torne uma sala de estar cultural
da cidade, uma casa para a população, onde as pessoas
possam reencontrar-se com a leitura".
Questionada sobre a localização do novo edifício,
a vereadora é peremptória: "Está construída
numa nova zona da cidade, em expansão, e está próxima
de um importante pólo escolar". Reconhece, no entanto,
"que havia pessoas aposentadas que tinham o hábito
de ir à Biblioteca ler o jornal e que provavelmente vão
passar a ter mais dificuldade em ir lá abaixo. Mas se
tiverem o cartão municipal do idoso, podem ir de autocarro,
beneficiando das suas vantagens". E conclui: "Até
lhes faz bem, para distraírem".
Os técnicos de Biblioteca não têm dúvidas
quanto ao novo edifício: "Lá em cima estávamos
limitados a todos os níveis, principalmente em termos
de espaço. Não tínhamos capacidade para
receber mais livros do que os existentes. Esta nova Biblioteca,
cujo espaço é dinâmico, está estruturada
de forma a poder crescer."
*NC / Urbi et Orbi |