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Na Beira Interior como em todo o País
Futuro negro para o artesanato


POR ANABELA MACHADO

Nos dias que correm, é muito difícil ser-se artesão. A falta de apoios faz com que o artesanato serrano atravesse maus momentos. Uma crise que pode levar a arte tradicional a permanecer apenas na memória dos mais velhos.


Dar continuidade ao trabalho artesanal é muito difícil. Os apoios aos artesãos são poucos e tardam em chegar. A continuar assim as actividades artesanais arriscam-se a desaparecer.
No entanto, ainda há quem, muito a custo, faça perdurar o artesanato serrano. Exemplo disso é Maria Celeste, uma artesã de 52 anos, que tece a genuína lã da Serra da Estrela. As condições de trabalho são más, mas mesmo assim Maria Celeste continua a tecer. Fá-lo desde os 12 anos porque gosta e porque precisa, uma vez que este é o único sustento da família. Como as dificuldades de produção são muitas pediu apoio à RUDE (associação de desenvolvimento rural), que já aprovou um projecto de melhoramento das condições de trabalho: ampliação do local onde trabalha e renovação do tear.
Na situação de Maria Celeste estão muitos outros artesãos, que continuam à espera de apoios. As fábricas são apontadas como sendo as principais responsáveis pela crise que o artesanato atravessa. No entanto, como afirma Maria Celeste, "por mais que tentem as máquinas não conseguem imitar as peças dos artesãos, feitas com mãos calejadas mas abençoadas". Daí que, como defendem a RUDE e a Câmara Municipal da Covilhã, cada vez mais o artesanato deve ser valorizado e apoiado. Não só pela qualidade das suas peças, como pela sua escassez e pela própria natureza dos materiais que utiliza.

Preservar é preciso

Pouco a pouco, o trabalho artesanal tem ganho adeptos que defendem a sua valorização. Os incentivos a esta actividade já começam a chegar. A Câmara Municipal da Covilhã e a RUDE apoiam os artesãos residentes nesta área do Interior. Juntas promovem Feiras de Artesanato Nacionais, de forma a incentivar os artesãos a participar e divulgar os seus trabalhos. São atribuídos prémios (geralmente em dinheiro) aos melhores trabalhos expostos como forma de reconhecimento do trabalho do artesão.
No entanto, o esforço destas entidades é ainda insuficiente pois, como afirma um membro da RUDE, "o artesanato continua doente e há um longo caminho a percorrer para conseguir pôr as coisas em ordem". Ao conhecerem todas as dificuldades características do trabalho artesanal, os mais jovens preferem trabalhar nas fábricas. Daí que os artesãos sejam uma população cada vez mais envelhecida. A continuar assim, as actividades artesanais corre mesmo o risco de desaparecer.

 

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