Em busca da oposição
Por
João Carlos Videira
Longe vão os tempos em
que a vida política na Covilhã era marcada por
discussões calorosas, pela participação
activa das oposições. Hoje instalou-se a apatia,
o adormecimento tomou conta da oposição, a sua
função tem sido meramente contemplativa e de puro
deslumbramento por quem exerce o poder na Câmara da Covilhã.
A inércia paralisou as funções cerebrais
e cristalizou o pensamento ao ponto de a incapacidade extinguir
um dos últimos manifestos da vida - o direito à
indignação!
Na Covilhã, a passividade e a indolência atingiram
o seu ponto máximo, transportando a oposição
para um longo período de hibernação e sonolência.
Fazem-nos crer que está
tudo bem, o conceito de normalidade comunga de forma perversa
com o caos urbanístico, com a ausência de equipamentos
e uma programação cultural para a cidade; com o
desordenamento da floresta e a inexistência de espaços
verdes e de lazer; com o atque a pessoas e instituições;
com o afastamento da Covilhã das opções
estratégicas para a região - aposta clara na política
do "orgulhosamente sós".
Que garantias futuras têm os cidadãos da Covilhã
de uma melhor qualidade de vida perante comportamentos desta
natureza? Onde está afinal a oposição? Será
que não encontram motivos para questionar? Ou o futuro
da Covilhã e dos seus munícipes já não
constitui matéria susceptível de discussão?
De facto, torna-se assustador
quando a apatia sugere como sinal de submissão ao pensamento
dominante e a ausência de um contra-poder legitima e abre
caminho a novas formas de ditadura, fomentando comportamentos
irracionais.
Começa a parecer estranho que as pessoas tenham dificuldade
em assumir publicamente as suas ideias - curiosamente as excepções
à regra provêm de pessoas ligadas ao partido que
governa a Câmara da Covilhã.
Ficamos com a sensação
de viver numa cidade hermética, de silêncios comprometidos,
ainda sob o jugo da Inquisição, onde a coragem
calçou os chinelos de quarto e se sentou refastelada no
sofá para ver o Big Brother.
De quem tem medo a oposição? |