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No início
do ano lectivo a "caça" aos apartamentos aumenta
significativamente
Apartamentos versus residências
"Só para a casa são 30 contos"
No orçamento dos
estudantes, uma das principais despesas prende-se com o alojamento.
Na Covilhã, pede-se, em média, entre 20 e 30 mil
escudo por um quarto na cidade. Depois, há ainda a acrescentar
as contas da água, luz e gás. O preço varia
conforme a localização e o estado da casa, mas
quem quizer ficar nas residências universitárias
ainda poupa alguns tostões. Nas residências universitárias
dos Serviços de Acção Social da UBI (SASUBI),
um aluno bolseiro paga 6 mil 440 escudos, um valor estipulado
pelo Ministério da Educação. Mas há
quartos de preço livre, cuja estadia ascende a 20 mil
escudos. Os alunos não bolseiros pagam pela estadia na
residência 16 contos, mas não são em número
significativo. Segundo fonte próxima dos SASUBI, "em
400 alunos apenas há 20 que não recebem bolsa de
estudo". A RU é procurada por pessoas de todos os
estratos sociais. "Há sempre muita procura, porque
se tem a ideia de que é um quarto mais económico
e que na residência ficam mais protegidos", revela.
Marco Xavier assume a opção económica que
o levou a escolher a residência: "é um bom
quarto com uma renda muito baixa". "Mas não
é a mesma coisa que estar numa casa, porque temos que
dividir o quarto com outra pessoa, o que por vezes dificulta
estudar até tarde", confessa o aluno de Engenharia
Aeronáutica.
Os SASUBI têm abertas cinco residências, com um total
de 463 camas, divididas por 261 quartos (249 nas residências
femininas e 214 nas masculinas). Oferecem aos alojados cozinhas,
roupa de cama e toalhas e têm lavandarias à disposição
dos alunos. Apesar da procura elevada, por vezes, tal como no
ano lectivo de 99/2000, ficam vagas por preencher. Segundo a
mesma fonte dos SASUBI, "o que se nota é que as pessoas,
muitas vezes, apenas pretendem alojamento imediato e depois acabam
por desistir.
A selecção é feita em função
do grau de necessidade económica dos candidatos. Caso
não haja vagas, a lei obriga os SASUBI a atribuir aos
alunos que ficam de for a um complemento de alojamento. "O
valor depende de análise posterior, mas todos os que estão
na RU e são bolseiros têm direito a esse complemento,
que é igual ao montante do preço da residência",
explica a fonte dos SASUBI.
Perto da universidade
é mais caro
Quem optar por ficar na cidade
e perto da universidade, sujeita-se a pagar montantes superiores
aos praticados nas residências, em nome da "privacidade
e maior comodidade". Sandra Eiras e Inês Carvalho
são dois exemplos de quem prefere as casas da cidade em
detrimento das RU. Pagam 25 mil escudos cada por um quarto num
apartamento totalmente remodelado. Preferem pagar mais por uma
casa nova do que viver em casas velhas, a pagar menos. À
parte da renda de casa, têm que pagar água, luz
e gás. "Ao todo precisamos de cerca de 30 contos
só para a casa", diz Inês.
Na casa nova, as vantagens são muitas: "em todas
as divisões temos aquecimento central, para além
do gás canalizado. A única desvantagem desta casa
é não ter varanda", continua a estudante.
Acrescenta que viver perto da universidade também a fez
pensar em mudar. "No ano passado pagava 22 contos e 500
por um quarto, com sala e casa-de-banho. Para além disso,
as divisões eram muito maiores e tinha duas varandas,
mas vivia muito longe", conclui.
Nuno Oliveira estuda no Pólo da Carpinteira e para viver
perto da universidade sujeita-se a pagar 30 contos por mês
por um apartamento, que divide com mais dois colegas. Diz que
"compensa pagar mais para ter melhores condições.
Tenho uma sala grande, com lareira, uma cozinha e duas casas-de-banho
e a casa é nova". |
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Quanto custa o Superior Público
Bolsas não chegam
para os gastos
POR RODOLFO PINTO DA SILVA
E SÓNIA
ALVES*
Estudar no Ensino Superior
Público português custa, pelo menos, 100 contos
por mês. Em média, um aluno da UBI gasta 80. O alojamento
é uma das principais fontes de gastos dos estudantes deslocados
"Estudar não é
fácil", queixam-se alguns estudantes universitários.
"Pagar os estudos é ainda mais difícil",
reclamam os pais. Muitas famílias sujeitam-se a determinados
"sacrifícios" para manter os filhos no Ensino
Superior. Portugal encontra-se na linha da frente dos países
europeus onde estudar custa mais dinheiro. Um aluno do Ensino
Público gasta, em média, 100 contos por mês,
conclui o relatório da Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Económico
(OCDE). Fomos ao encontro de alguns alunos da Universidade da
Beira Interior (UBI) e constatámos que os seus gastos
se situam abaixo da média nacional.
Segundo Jorge Jacinto, presidente da Associação
Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), "os
alunos da UBI gastam à volta dos 70 a 80 contos. Estamos,
obviamente, a falar do aluno que não gasta excessivamente
e que é deslocado".
Sandra Eiras e Inês Carvalho, estudantes de Matemática
Ensino, confirmam as contas de Jacinto: "regra geral, gastamos
cerca de 80 contos por mês". "Não sei
em quanto gasto o quê, só sei que no final do mês
ardem 80", desabafa Sandra. Entre renda de casa, alimentação,
fotocópias e borgas, as estudantes dizem que a maior "fatia"
de dinheiro é destinada ao alojamento e à alimentação.
Sandra frequenta o segundo ano da licenciatura e confidencia
que "no princípio do ano passado gastava muito mais.
Rondava os 100 contos por mês". Diz que "não
sabia poupar porque ía sempre comer fora de casa, não
cozinhava e não procurava os sítiosmais baratos.
Depois comecei a ver que gastava muito e tive que me moderar".
Por sua vez, Nuno Oliveira, estudante de Economia, garante que
gasta entre 60 a 70 contos. Como diz não ser um aluno
muito aplicado, a maioria do seu dinheiro não se destina
a material escolar. "Onde gasto mais é em comida
e transportes", afirma. Nuno, natural de S. João
da Madeira, deixa bem claro que "só para transportes
são cerca de 10 contos por mês e para comida são
entre 15 a 20 mil escudos".
Alunos de Engenharias com
gastos a dobrar
Os alunos que vivem na residência
universitária (RU) têm a vantagem de usufruir de
um quarto mais barato. Ainda assim, os gastos mensais podem rondar
os 40 ou 50 mil escudos, que a bolsa de estudo, na maior parte
dos casos, não cobre.
Marco Xavier, aluno de Engenharia Aeronáutica, estuda
há quatro anos na Covilhã. Vive na RU e estima
os custos em quase 40 contos, sem contar com as propinas. A bolsa
de 9 mil escudo só dá para um quarto daquilo que
necessita para todo o mês e "não chega para
os gastos". Mais de metade do orçamento é
para a alimentação: "nas refeições
na cantina, e outras que faço durante o dia, gasto mais
de 20 contos".
Mas há os inevitáveis gastos com o curso. "Normalmente
tiro fotocópias, porque os livros da nossa área
são caros e a nossa biblioteca não está
muito má", refere Marco. Mas, num curso de Engenharia,
só as fotocópias não chegam: "temos
outros gastos, como por exemplo em máquinas de calcular,
que não podem ser umas quaisquer e ficam, normalmente,
nos 30 contos", acrescenta o estudante da UBI.
Já para Ivone Ferreira, natural da Covilhã a frequentar
o quarto ano de Comunicação, "estudar na própria
cidade evita muitas despesas". Alojamento e alimentação
são contas que não entram no orçamento desta
estudante, que considera "não gastar mais que quando
andava na Escola Secundária". "No início
de cada ano lectivo sabia que ía gastar 30 contos em livros.
Agora em fotocópias é quase o mesmo valor",
afirma. A bolsa de estudos, estimada em "cerca de 20 mil
escudos", é aplicada no pagamento de propinas e,
segundo Ivone, "dá para os gastos".
AAUBI "lança"
descontos nos transportes
Aumentar o valor médio
das bolsas de estudo atribuídas pela Acção
Social é um dos objectivos da Associação
de Estudantes da UBI. Meta acompanhada pela tentativa de atribuição
de bolsas de estudo pelo período de 11 meses. "Em
média, o estudante bolseiro recebe 15 mil escudos de bolsa.
É complicado viver com este dinheiro, daí estas
lutas", afirma o presidente da AAUBI, Jorge Jacinto.
Com o intuito de, também, reduzir os gastos dos alunos
da UBI, este responsável refere que em breve "os
alunos vão poder usufruir de um pacote de descontos nos
transportes". "Numa universidade em que 80 por cento
dos alunos deslocados, os estudantes da UBI encarecem em muito
os gastos, devido às despesas com transporte", afirma
Jorge Jacinto.
A AAUBI promete também continuar a lutar pela reposição
do combóio académico. Para tal, está prevista
para a próxima semana uma reunião com todas as
associações de estudantes universitários
da região, onde um dos principais pontos da ordem de trabalhos
se refere a esse meio de transporte.
*NC / Urbi et Orbi |
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