Um
ano após a morte da fadista
Oriental de São
Martinho
relembra Amália Rodrigues
POR IVONE FERREIRA
E MARIANA MORAIS
"Amália
- um ano de saudade "é o nome da exposição
que o Centro Cultural e Popular Oriental de São Martinho
exibiu no passado fim-de-semana. De sexta-feira a domingo a população
da Covilhã teve oportunidade de relembrar aquela que foi
considerada "a voz de Portugal".
"Calou-se a voz de Portugal
". Foi desta forma que a comunicação social
noticiou em 6 de Outubro de 1999 a morte da fadista Amália
Rodrigues. Um ano depois, Eugénia Antunes vem provar que
Amália Rodrigues permanece viva. Com apenas 28 anos, esta
jovem da Covilhã mostrou nos dias 6, 7 e 8 de Outubro
parte da sua colecção de vídeos, CDs e revistas,
que recolheu nos últimos 23 anos e dizem respeito à
vida da fadista já extinta. "Amália - um ano
de saudade" foi o tema desta exposição apresentada
no Oriental de São Martinho.
"Vi a Amália na televisão, pela primeira vez,
em 1977 e obrigada pela minha mãe. Foi uma paixão
instantânea. E andei toda a vida a dizer: Mãezinha,
leve-me a ver a Amália ", confessa Eugénia
Antunes. Daí até se tornarem amigas pessoais passaram-se
13 anos. Em Outubro de 1991, por ocasião do aniversário
da cidade da Covilhã, Eugénia teve oportunidade
de conhecer a fadista pessoalmente. "Cumpri o meu maior
sonho, conhecer a Amália pessoalmente", declara a
coleccionadora, que não hesitou em bater à porta
do camarim da fadista. "Que músicas é que
vocês gostam? Eu sei que a vossa preferida é a Covilhã,
cidade neve. Sabes a letra? Eu já não me lembro.
Tens de me ensinar". E assim aumentou ainda mais a admiração
de Eugénia Antunes pela fadista que "é tão
importante como Fernando Pessoa ou Guerra Junqueiro", afirma.
A exposição, um ano depois da morte da fadista,
vem procurar fomentar o desejo de não esquecer "este
grande nome do fado". A Direcção do Centro
Cultural e Popular Oriental de São Martinho pegou na ideia
e cedeu o local para que a fadista fosse homenageada, à
semelhança do que acontecera em 1994, onde a mesma coleccionadora
expunha o resultado de anos de atenção à
actividade de Amália. Segundo Francisco Mota, membro da
Direcção daquela colectividade, a mostra veio na
altura certa. "Mais que uma exposição, estamos
a fazer uma homenagem".
Eugénia Antunes só lamenta a falta de visitantes.
" Para muita gente, morreu, esqueceu." Para Eugénia,
Amália permanece viva pois, como dizia a fadista, se "alguém
gosta de mim, algo de mim sobrevive." |