Alunos estagiários
da UBI
Nome de Praxe: "Stôr"
POR CARLA LOUREIRO
O Urbi foi ter aulas com
três dos professores estagiários saídos da
UBI. Muito trabalho, muitos anos de sacrifício para alcançarem
o seu objectivo: dar aulas. A paixão e o empenho, mas
também a noção de que as dificuldades são
muitas.
São
8h30m da manhã. Soa o toque de entrada. Alguns alunos
já estão à porta da sala. Estela Coelho,
professora estagiária de Matemática, gosta de chegar
cedo. Os cadernos diários e o manual já estão
em cima da mesa. Tudo pronto para começar.
A estagiária da Escola Frei Heitor Pinto nem sempre quis
ser professora. Mas se antes não se sentia "apaixonada"
pelo ensino, agora a opinião é muito diferente.
"Queria ser enfermeira e ir para África", responde.
"Mas aqui também estou a fazer a minha parte como
pessoa". O trabalho é muito, ainda maior pela disciplina
que lecciona, um pouco "mal vista" pelos alunos. Mas
Estela não desiste e tenta incutir à sua turma
do 10º ano o gosto pela "inimiga pública número
um":a matemática. "Há que incentivá-los",
diz Estela, que leva para a aula muitos polidróns
coloridos para que os alunos possam mexer e brincar, já
que a aula é sobre Geometria.
Estela Coelho tem a noção que está a formar
as pessoas de amanhã e "nem lhe passa pela cabeça"
mudar de profissão. Quer viver do ensino. "Neste
momento é tudo muito bonito, mas posso vir a perder a
paciência", afirma a estagiária. Das poucas
coisas que não gosta desta sua ainda recente ocupação
é de " programar uma aula e ela não sair como
se quer". Quando questionada acerca de estar a ser avaliada
por um orientador de estágios, Estela mostra um grande
sorriso. "Temos muita manobra de acção e liberdade
para personalizar o nosso trabalho".
"Há que saber colorir e ter muita imaginação
para incentivar os alunos". Parece que a tarefa está
a ser cumprida com sucesso. A aula está a correr bem.
Os alunos colocam questões e a "stôra"
Estela anda de mesa em mesa num vai e vem constante. Parece que
estão a fazer amizade com a "inimiga". Mais
um motivo para que Estela se sinta orgulhosa da sua profissão.
Muito exercício físico
Nuno Rodrigues já se encontra
à porta do "mini-ginásio", como ele mesmo
lhe chama. É professor estagiário de Educação
Física na Escola Campos Melo. Ao contrário de Estela
Coelho e de outros seus colegas, já está licenciado
em Ciências do Desporto pela UBI.
Os alunos estão nos balneários. Nuno também
está devidamente equipado: fato de treino e sapatilhas.
O gosto pelo desporto já lhe vem desde a infância.
"Sempre quis tirar desporto", responde com um sorriso.
Hoje só há uma bola e em vez de pôr os alunos
do 7º ano a correr de um lado para o outro, resolve improvisar
outro jogo. "Há que ser criativos", faz questão
de dizer.
O barulho é bastante e os "petizes" não
estão nada envergonhados com a nossa presença no
ginásio. Nuno tem que os manter na "linha",
mas não deixa de rir quando caem no chão. É
sinónimo de que se estão a divertir.
Nesta passagem pela Escola Campos Melo, Nuno Rodrigues quer fazer
muitas actividades com as suas turmas. Escalada, sarau cultural,
passeio à serra, entre outras, são ideias que mantém
na forja. Tal como Estela, o "stôr" de Educação
Física quer viver da sua "paixão", mas
sabe que "as coisa estão más" para os
professores.
Iões, massa molecular e mole
Mais uma aula a que o Urbi assiste.
Agora é a vez de Rui Magalhães, professor estagiário
de Ciências Físico-Químicas, também
na Escola Campos Melo. A turma é do 10º ano e também
eles ficaram curiosos com a nossa presença.
Até que os alunos estejam todos preparados para começar
a aula, Rui tem que os mandar calar bastantes vezes. Mas a sua
voz grave é o suficiente para ser obedecido.
Escrevem o sumário da aula passada. Um ritual. Rui manda
abrir os livros porque há exercícios para resolver.
"A experiência é boa e até agora os
anos todos que estive a estudar, os sacrífícios,
valeram a pena" diz o ainda aluno do curso de Física
da UBI. Para se preparar para as aulas, "trabalha-se praticamente
dia e noite", salienta Rui. Gosto e empenho são palavras
que estão sempre presentes. "Tentamos dar o nosso
melhor e antever qualquer problema", afirma o professor
estagiário. Quanto ao futuro, não vai ser fácil
mas "só Deus saberá". |