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" A minha
avó come bombons à noite enquanto diz as orações.
Também nunca usou desodorizantes nas axilas. O seu segredo
é esfregá-las com um daqueles esfregões
de cozinha, dos que se usam em casa quando o arroz queimada se
agarra ao fundo do tacho. Eu nunca experimentei esse método
por pensar que comigo não vai resultar. As excentricidades
da minha avó são exclusivas.(
)"
Assim que olhei
pela primeira vez para o título deste romance gostei e
sabia que o tinha que ler. A prosa limpída e fluída
faz de Meus Queridos Mortos uma história inesquecível,
um belo retrato de três gerações de mulheres.
A autora, Erika de Vasconcelos - uma canadiana
descendente de portugueses - retrata com mestria e simplicidade
os sentimentos, as excentricidades, os medos do universo feminino,
muitas vezes incompreendido. A constante insaciedade dominou-me;
ao virar cada página queria mais e o facto de saber que
estava a chegar ao fim da leitura entristecia-me. Sim, queria
mais e mais. As mágoas, os temores, a vida destas mulheres
surpreende-nos; somos levados a viver a sua solidão, a
rir quando riem, a chorar quando choram. Uma história
singela e atormentadora. Porque a vida é assim mesmo:
bela e atormentadora.
Meus Queridos Mortos é a história de Fiona, uma
mulher dividida entre o amante e o marido e é nas memórias
de três mulheres que descobre a sua própria força:
em Magdalena, sua tia-avó, Helena, a avó e Leninha,
a sua mãe. As suas vidas são sofridas tal como
as nossas. Um diário vivido e sofrido é o que Erika
de Vasconcelos nos oferece. |
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Meus
Queridos
Mortos
Erika de Vasconcelos
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