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Os apicultores da região preparam-se para definir novas estratégias de acção a fim de venderem o seu mel no mercado nacional e internacional

Penamacor
Investimentos privilegiam
sector agro-alimentar

O concelho de Penamacor está neste momento a apostar na diversificação do seu tecido económico de modo a garantir a sobrevivência futura da vila e das suas freguesias mais rurais. Concelho iminentemente agrícola, Penamacor recebe, agora, alguns investimentos que privilegiam sobretudo o sector agro-alimentar. Para além do mel, o queijo e o azeite são outros produtos locais, de qualidade comprovada, que garantem a subsistência de muitos agregados familiares. A juntar a isto, autarcas e população depositam muitas esperanças na conclusão do Regadio da Cova da Beira para assegurar o abastecimento regular de água para consumo próprio e para a rentabilidade económica das explorações agrícolas.
O investimento municipal no sector secundário também não é relegado para segundo plano. A primeira fase da Zona Industrial de Penamacor já está quase preenchida por pequenas unidades fabris ou serviços. Empresas já instaladas ou em fase de instalação que vão ajudar a criar dezenas de novos postos de trabalho. Face à elevada procura de terrenos por parte dos empresários da região, a autarquia equaciona neste momento o alargamento daquele espaço.
"Este concelho não pode ter a ilusão da criação de grandes unidades. Primeiro porque não há mão-de-obra disponível e segundo porque o que interessa é fazer pouco em quantidade, mas grande em qualidade", acentua o presidente da autarquia de Penamacor, José Luís Gonçalves. Na opinião do edil, a realização da Feira do Mel, este ano, na sede do seu concelho confirma que é "possível fazer aqui coisas bonitas e, ao mesmo tempo, ajudar a levantar a moral dos agentes económicos". Para a realização do certame, a Câmara Municipal investiu cerca de dezena e meia de milhares de contos.
Penamacor é, neste momento, um concelho bem servido de infra-estruturas de lazer e desportivas de qualidade, capazes de "agarrar os jovens à sua terra". O investimento nas acessibilidades é outra "frente de batalha" na qual todos estão empenhados com o objectivo de retirar o concelho raiano do isolamento a que durante muitos anos foi votado.


Processo deve ser concluído nos próximos meses
Apicultores reivindicam certificação do mel da Malcata

POR RICARDO GUEDES PEREIRA*

A Feira do Mel de Penamacor é uma montra do que os apicultores produzem de melhor. O certame serviu para se unirem a favor da certificação do néctar. A vila do Sabugal recebe a edição do próximo ano.

Produzir mel é, sobretudo, um acto de amor. Apoiado na sabedoria que lhe permite dia após dia, desde há 20 anos, criar as melhores condições para as abelhas produzirem o famoso néctar açucarado, António Nabais confessa que nesta arte tudo é simples. Sem segredos.
"É preciso gostar de viver com as abelhas, nem todas as pessoas conseguem", acredita. Para aquele apicultor do concelho de Penamacor, pouca coisa mudou desde que pela primeira vez observou com mais atenção o processo de extracção, levado a cabo pelas abelhas, do pólen das flores e a sua posterior deposição nos alvéolos dos cortiços.
O apiário de António Nabais é constituído por 30 colmeias que produzem, num ano razoável, quase 600 quilos de mel. O néctar que produz é de rosmaninho. Planta que se encontra com bastante abundância no Parque Natural da Serra da Malcata. A riqueza do local deve-se ao isolamento e diversidade das flores silvestres que ali crescem: urzes e rosmaninho, dos quais as abelhas fabricam méis de qualidade. António Nabais trabalha quase sempre sozinho. Afirma que se não fosse assim, não era possível dedicar-se a esta actividade com a "mesma atenção".
Durante o último fim-de-semana, de 8 a 10, ele e outros apicultores da região juntaram-se na Feira do Mel da Serra da Malcata que se realizou na vila de Penamacor. Uma montra tradicional que deu a conhecer, para além da actividade apícola, outros produtos regionais e artesanato. A animação cultural e a realização de umas jornadas de reflexão sobre o mel também constaram do cartaz de actividades promovidas pela organização do certame, liderada pela Câmara Municipal de Penamacor.

Contra a "invasão" espanhola

À semelhança de outros colegas agricultores, os apicultores da região preparam-se para definir novas estratégias de acção a fim de vencerem os desafios do futuro. Uma tarefa que não se prevê nada fácil tendo em conta a crescente "invasão do mel espanhol".
Outra questão que preocupa os profissionais do sector é a necessidade de obter a certificação de origem para o mel da Serra da Malcata. Mais um passo, acentuam, para garantir a valorização do produto, depois de ser conquistada a confiança dos consumidores. Por enquanto, as dezenas de apicultores presentes no certame mostram-se tranquilos: "O nosso mel está bem e recomenda-se".
Sobre esta matéria, o presidente da Associação de Apicultores da Serra da Malcata, Francisco Horgan, afirma que a obtenção da certificação vai ser "um processo demorado". Os especialistas vão ter de elaborar no terreno estudos de tipificação da flora e de classificação do mel. Um processo em que todos se mostram empenhados em concretizar, embora nem sempre os produtores estejam bem informados sobre os benefícios futuros.
Mas o que vai mudar com a certificação? "No mel espero que nada. Pode é melhorar a vertente comercial. Aí é possível adquirir alguma mais-valia", sublinha Francisco Horgan. O presidente da Câmara Municipal de Penamacor, José Luís Gonçalves, também se mostra confiante em que a economia local vai conseguir retirar importantes dividendos da certificação do néctar. "Já há este produto regional nos hipermercados. Faltam agora mais apoios e alguns apicultores de maior estrutura. Estrutura que o associativismo pode fornecer", considera o autarca beirão.
O papel da Associação de Apicultores da Serra da Malcata, cuja área de influência se estende a uma reserva natural de 21 mil hectares, passa neste momento por esclarecer os seus associados sobre a legislação, publicada em Março último, que veio regulamentar a actividade apícola no nosso País. Por agora, os produtores mostram-se descontentes com algumas normas impostas pelo Ministério da Agricultura, nomeadamente as que dizem respeito ao encabeçamento de colmeias e distância de apiários.
Francisco Horgan assegura que a anterior lei, que data de 1946, era mais adequada ao permitir que as colmeias distassem 10 metros de caminhos públicos ou construções, contra os actuais 100. "Milhares de apicultores, sobretudo do Norte do País, em zonas de minifúndio, têm as suas colmeias, neste momento fora de lei", aquele responsável alerta deste modo para o facto da actual legislação ter de ser revista.
No conjunto, os produtores de mel fazem, todavia, um balanço positivo do actual quadro regulador, uma vez que, dizem, está a impor algumas limitações à "entrada desenfreada de mel espanhol".

Queijo substitui mel em 2001

A Associação de Apicultores da Serra da Malcata agrega quase 70 associados que produzem, em média, 80 toneladas de mel/ano. A grande maioria são pequenos produtores que vendem o seu mel a particulares conforme as solicitações. No concelho de Penamacor, também está sediada uma empresa de maiores dimensões que desde há algum tempo assumiu uma aposta forte na vertente comercial. A Serra da Malcata como um espaço onde a natureza ainda se encontra intacta e admirável é um excelente cartão de visita e uma garantia de qualidade do produto que se quer colocar no mercado nacional e internacional.
A próxima edição da Feira do Mel já tem lugar marcado para o Sabugal. Respeitando um sistema de rotatividade já estabelecido, a vila de Penamacor recebe, em 2001, a Feira do Queijo.

*NC/ Urbi et Orbi

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