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'O Silêncio
dos Inocentes' é capaz de ser um dos mais consagrados
exemplos de 'thriller' americano da década de 90 e, porque
não?, da toda a história do cinema.
A obra homónima em que se baseia é a segunda parte
de uma trilogia da autoria de Thomas Harris cujo elemento comum
é uma personagem que se tornou rapidamente um nome famoso
da galeria de monstros da cultura popular ocidental: Hannibal
Lecter.
Hannibal, a terceira e última parte do universo de dor
e humilhação criado por Harris, foca-se finalmente
por completo em Lecter, como que reservando o melhor para o fim.
Este é o melhor dos três livros, na óptica
do mestre de terror Stephen King e é fácil perceber
porquê: a acção prende o leitor, tal como
nas obras anteriores, refira-se, mas os próprios acontecimentos,
e o facto de se centrarem sobretudo na personagem de Hannibal
o 'Canibal', ganham um interesse maior, mais empolgante. Como
que se a imaginação do autor tivesse quebrado barreiras
que anteriormente o dominavam, para nos levar a conhecer as personagens
e as suas perversões de uma maneira quase visceral.
Este livro, tal como os anteriores Dragão Vermelho (a
primeira parte da trilogia) e o referido 'Silêncio dos
Inocentes', não pode ser vangloriado pelo seu carácter
inovador na literatura. Não o tem. Para dizer a verdade,
seria se calhar repudiado por um qualquer crítico intelectual
após a leitura das primeiras páginas. No entanto,
não é de inovação literária
ou reinvenção de formas e conteúdos que
falamos aqui. Falamos de fulgor e suspense na narrativa. De acção
empolgante e de personagens assustadoras. A fruição
presente não reside na surpresa literária mas na
sensação quase olfactiva (o livro baseia-se muito
neste sentido) que dele retiramos.
Naquilo que se propõe fazer, 'Hannibal' fá-lo muito
bem, e portanto recomenda-se.
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