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AS
MIL E UMA NOITES
por
catarina moura
Passei quase
directamente dos livros d'Os Cinco para os seis volumes
das Mil e Uma Noites, que jaziam abandonados na estante da sala,
entre a colecção completa das obras de Júlio
Verne e a Enciclopédia Universal da Verbo. Uma aventura
inesquecível, que povoou de sonhos muito mais que 1001
noites.
Sendo um livro de várias histórias, atraiu imediatamente
a criança curiosa que ainda sou, ávida de novos
mundos e grandes aventuras, ainda que literárias. Durante
anos, foram muitas as vezes que regressei àquelas páginas,
conseguindo sempre descobrir algo novo, por vezes até
uma história que escapara entre as muitas que, de tão
absorventes, reli vezes sem conta, fascinada pelo estranho mundo
que ali era desvendado. E não ousava sequer questionar
a autenticidade do universo mágico das histórias
de Sherazad, a famosa princesa que, para permanecer viva, seduziu
o rei, seu marido, com uma imaginação que, após
mil e uma noites, o deixou rendido à sua inteligência,
perspicácia e sagacidade. E viveram felizes para sempre...
num palácio tão ou mais magnífico que os
das suas histórias de amores perturbantes e perturbados
por magos invejosos e génios cruéis. Além
de príncipes e princesas e tesouros fantásticos,
As Mil e Uma Noites são um portal para o distante
Islão, deixando-nos apenas vislumbrar a riqueza da sua
cultura.
Traduzido por Richard Burton, foi durante demasiado tempo confundido
com a declarada devassidão do seu tradutor e, portanto,
subvalorizado. As histórias não têm nada
de devasso, muito pelo contrário. A abordagem das relações
íntimas é sensual e não sexual, cheia de
delicadeza e humor, incapaz de ferir as susceptibilidades actuais,
felizmente distantes do puritanismo excessivo da Inglaterra do
século XIX.
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