Regresso ao passado
Arqueologia ao vivo em
Coimbra
POR MARCO ANTÓNIO ANTUNES
O pátio da Universidade
de Coimbra está em obras. Estudantes de arqueologia e
dois Professores dão uma lição de História.
Achados pré-romanos, romanos e medievais foram já
encontrados. A primeira fase das escavações terminou
no passado dia 25 de Agosto
Manhã de Agosto em Coimbra.
No alto da cidade ergue-se a mais antiga universidade portuguesa.
A porta férrea, construída entre 1633 e 1634,
dá acesso ao pátio. Numerosos turistas visitam
as Faculdades, a Reitoria, a Sala dos Capelos, o Colégio
de S. Pedro, a Biblioteca e a Capela de S. Miguel. É tempo
de férias. Em breve, a monotonia dará lugar à
azáfama na "cidade dos Doutores".
"Em 12 de Junho iniciei as escavações. A primeira
área dos trabalhos revela uma área de banhos de
uma casa senhorial romana. A área pertencia à antiga
cidade romana de Aeminium. Existem também estruturas medievais
(cristãs e islâmicas) sobrepostas", afirma
Helena Maria Gomes Catarino, 45 anos, Professora de Arqueologia
Medieval na Universidade de Coimbra e moradora na Amadora.
A segunda área das escavações decorre junto
à Biblioteca. Os arqueólogos descobriram restos
da muralha medieval de Coimbra. Os restos remontam aos séculos
IX e X depois de Cristo.
Para a Professora Helena Catarino "o objectivo dos trabalhos
é dar a conhecer a História do pátio da
Universidade de Coimbra. O espaço já é monumento
nacional. Mas a requalificação é uma exigência
de bom senso", defende.
Zona rica em cerâmicas
"A escavação é digna de interesse.
Em dois meses e meio assisti a um renovar de surpresas. É
um estímulo para a minha futura actividade arqueológica",
refere Sónia Marlene de Jesus Filipe, 21 anos, aluna de
História - variante de Arqueologia, natural da Gafanha
da Nazaré, Ilhavo, e moradora em Coimbra.
A zona de intervenção de Sónia Filipe, área
principal, é rica em cerâmicas. Existem vestígios
de edifícios, canalizações e muralha. "É
uma verdadeira lição de história num curto
espaço de terreno. As sobreposições de materiais
revelam uma intensa ocupação humana", assegura.
Sónia Filipe é uma entusiasta da Arqueologia. Desde
sempre procura a aventura. No futuro espera trabalhar como arqueóloga.
"Só não sei se vou trabalhar em regime contínuo
ou em tempo parcial", refere.
Para aquela estudante nas escavações arqueológicas
há alguns problemas: "O cansaço, a perda de
tempo com questões burocráticas, e as condições
climatéricas são obstáculos". Mas o
esforço compensa: "Poder descobrir o passado, e reviver
a História dos povos antigos é o sonho de todos
os arqueólogos", salienta.
A primeira fase das escavações terminou no passado
dia 25 de Agosto. Até final de Agosto decorre a conclusão
dos trabalhos. A inventariação dos materiais e
a realização de desenhos são as etapas finais.
Os trabalhos de escavação são uma iniciativa
do Instituto de Arqueologia e do departamento de História
da Arte, ambos da Universidade de Coimbra. A direcção
do projecto está a cargo da Professora Helena Catarino
e do Professor Pimentel. Participam ainda alunos de Arqueologia
e uma empresa para trabalhos pesados.
CONTINUA
EM
Como
se faz a escavação no pátio da UC
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