O quotidiano, no que de mais
simples e banal o caracteriza, é transformado neste quadro
num cenário de um lirismo e beleza comoventes. Seurat,
seguindo uma tendência que ficará muito em voga
nos finais do século XIX, altura em que esta "Tarde
de Domingo..." foi pintada, transporta para a tela o dia-a-dia
parisiense, o povo anónimo, algo impensável até
dada altura da nossa história, nos tempos em que a pintura
estava reservada a uma elite que definia o que era ou não
merecedor de eternidade.
Mas é a cor que torna este quadro fascinante. Uma cor
que surge de milhões de pontos que, a certa distância,
se transformam perante os nossos olhos em formas luminosas a
que esta técnica ("pontilhismo"), na altura
completamente inovadora, empresta uma névoa celestial
e encantadora.
por catarina moura |