de Mathieu
Kassovitz
E foi então
que o cinema francês deu um salto em frente. Com La
Haine, Kassovitz dava um murro nos modelos narrativos e temáticos
da vaidosa cinematografia francesa. Agora era a realidade mais
brutal que nos entrava pelos olhos. Sem prevenção
e sem demasiadas interpretações. Kassovitz vai
aos subúrbios com a pureza, a ambição e
o heroísmo dos fundadores da arte cinematográfica
para filmar os conflitos étnicos que afligem a sociedade
urbana francesa. O que resulta é pura energia visual.
La Haine é um filme atravessado por uma força.
Uma força visionária e quase alucinada que o preto
e branco da fotografia transforma numa iluminação.
O estilo semi-documental do filme expõe a textura dos
rostos, dos corpos, das vozes e dos lugares de modo inteiramente
adequado. Aliados ao virtuosismo da realização,
todos estes factores só poderiam tornar La Haine no que
viria a ser: um genial filme de culto. |
por Luís
Nogueira
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